quinta-feira, 31 de maio de 2007

Terça noite

Há momentos que não se esquece, há verdades que se descobre, há amigos que marcam e há palavras que não falam. As vezes o momento é tão rápido e singelo para que se possa dizer tudo aquilo que deve ser dito, outros são tão fortes, marcantes e inusitados para deixarem de serem lembrados. Em certas ocasiões um adeus não duradouro consegue provocar intensa saudade, em outras, as piores piadas conseguem provacar intensas risadas. Há fase da vida que se conta para os pais e há outras que se omite. Há fase que há e há outras que nem chegam a existir. Quem pensa que uma greve pára uma vida, se engana. Ela faz nascer novos momentos, etapas e histórias em uma rotina fragmentada. Assim foi. Assim quero que sempre seja.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Narração...

Ele via os ponteiros do relógio escorrerem pela madrugada e a luz da manhã encher os girassóis. Seus olhos estavam abertos, fixos e molhados, perambulando pela imensidão das quatro paredes. Seus pensamentos reagiam a impulsos emocionais vindos de alguma parte do restante do seu desidratado corpo.
Mas os ponteiros do relógio não pararam de escorrer e o tempo passou, e aquele menino se cansou de ver a chuva fria entrar pela sua janela e bater no telhado velho. Agora a vida dele é apenas sol e girassóis no jardim. Nas madrugadas ele dorme, e nos pensamentos não mais chora. A chuva, não mais a fria, lavou sua alma, e ele se refez, recomeçou, reativou, reviveu...

Te espero

Aonde está você que não enxe meu quarto com teu suave perfume? Em que parte da noite te perdi, ou em qual fase da luta deixei você partir? Te quero aqui comigo, deitada em mina cama. Quero seus beijos, seus carinhos e seu corpo. Quero você, aqui, comigo.
Por ande andas que não me ouvi? Em qual canção achar você? Me perdi ou te perdi? Te amo ou só te quero? Aonde está você que não vem me completar? Fico aqui, extasiado pela espera, pensando em você e sentindo que a qualquer momento irás chegar para me fazer muito feliz.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Palavras da alma

Quando fico em silêncio e minh'alma para de gritar, eu escrevo. Escrevo sobre minha paixão à menina: da TV, do ponto de ônibus e do jornal preto e branco. Escrevo desesperadamente sobre quem se foi e quem nem teve coragem de vir. Falo sobre minhas alegrias, minhas tristezas e descobertas. Falo do que vejo e do que não sinto. Falo do que não vejo e do que sinto roer por dentro.
Quando escrevo não sou apenas eu, sou um pouco da dor do mundo que se transforma em palavras, sou meu avesso ou uma versão pobre de um grande poeta. Minhas idéias não são as que vão para o papel, são aquelas que eu faço nascer na cabeça de quem está decifrando meu código. Quando escrevo eu me perco no esquecimento do tempo. Minhas mãos escrevem o que minha alma vê, meu corpo senti e minhas idéias percebem.
Quando escrevo vivo eternamente.

terça-feira, 22 de maio de 2007

VIDA/DESAFIO

Trago em meu corpo marcas do caminho, sicatrizes das lutas e formas do mundo. Durante as batalhas travadas fui me formando, aprendendo com o inimigo, com as vitórias e os fracassos. Mas nunca deixei de acreditar na providência divina e na hora certa determinada por Ele. Aliás, eu nunca caminhei sem Ele. Não consegui contar quantas lágrimas deixei cair, nem quantas tive que engolir, nem quantas me roubaram. Todas as vezes que cheguei ao final de uma etapa, lá do alto, contemplando a imensidão, eu gritei, tão forte quanto minha alegria. Nesses momentos, todos meus amigos estavam vivos dentro de mim, minha família-força e aqueles que nunca depositaram-me confiança. De todos lembrei-me. Hoje, daqui, meus pés continuam descalços e sedentos de chão. Minha garganta seca e meus olhos a transbordar impulsionam-me à trilha. O caminho não se findou, os sonhos não se acabaram e minhas forças não se esgotaram. Continuo eu, adentrando pela vida, tecendo sonhos e construindo meu próprio caminho.

Perigo

Você ainda não me decifrou. Não aprendeu que eu nunca vou falar a frase que você quer ouvir, que eu nunca vou partir do mesmo porto que você e que jamais vou pegar o trem que você está esperando. Não me espere surgir do lado mais propício, nem acredite que minhas idéias são as mais corretas. Você não conseguiu entender que eu não amo, e que não sofro e não dou vida para o passado. Nem percebeu que não sinto saudades depois das despedidas. Você não conheceu meu lado herói, vilão e dissimulado; nem deu tempo descobrir que carrego uma arma na cintura. Não pense que me conhece e que sou previsível. Talvez, em outro encontro, no meio de outro beijo, você consigua entender que não tenho manual, que não sou o que você pensa e que é melhor ter cuidado, por que realmente você não me conhece.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Avante!



A vida não para.

A fonte seca, a lágrima cai, a nuvem passa, as pessoas se perdem, mas a vida não para. Nem pode parar, é preciso que ande, que evolua. De nada adianta chorar a tristeza em seu leito brando. Não faz sentido não recomeçar de outro lado e com outra pessoa. Nada melhor do que emoções; nada melhor do que fortes emoções; nada melhor do que impulsionar a vida. Não entre em greve, não se feche, não deixe-se acreditar que o mundo parou. Nem o mundo, nem a vida param. Fazemos parte dessa forte engrenagem que movimenta as emoções, os sentimentos e as outras pessoas.

É a vida e ela não para.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Despoetizar

Sem emoção, sem risos, sem pranto, sem nostalgia.
Assim são as poesias que agora eu faço.
Sem cor, sem vida, sem graça.
Destituída.
Desalmada.
Fria.
Não sei se perdi o dom ou a inspiração.
Nem sei se perdi ou se me levaram.
Palavras ao vento que não tocam, nem alentam.
Que se perdem pelo vazio, pelo nada ou de novo pelo vento.
O gelo que desarma, o frio que seca a fonte de tudo.
Perdi as palavras, perdi os sentimentos ou me perdi?
É o fim da voz retumbante de um poeta mudo que não encontra mais a poesia.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Oferta

Para o que se foi, talvez saudade.
Para quem se foi, adeus.
Para o passado, recordação.
Para o futuro, disposição.
Para o presente, vida abundante.
Para as situações-problema, experiência.
Para as pessoas-problema, dedo médio.
Para a dor, lágrimas.
Para os amigos, dedicação.
Para o jardim, trabalho.
Para o mundo, apenas o suficiente.
Para mim, a oportunidade de construir, de viver, de me arrepender e de dispor para os outros somente aquilo que merecem.

Recomeço...

Uma pessoa quando deixa de amar, começa viver.
Sua alma fica leve, seu corpo flexível e sua mente aberta.
Os olhos saem da escuridão e passam a enxergar o mundo real.
É um peso que é retirado, um incômodo aliviado e uma dor extinguida.
A razão não é mais coberta pelo desespero da emoção; as palavras passam a ter sentido lógico e os sorrisos são todos fundamentados.
Há quem acredite que somente os idiotas amam.
Na verdade, todos serão idiotas um dia, mas há aqueles que vivem a vida na alternância de momentos.
O amor é um mistério e uma dor.
Quem quer sofrer, basta amar.
Ninguém que ama escapa do sofrimento.
Mas o bom é deixar de amar e começar a viver...
... pelo menos até o próximo amor.