terça-feira, 19 de junho de 2007

Oração

Pela vontade Divina fui concebido e trago à este mundo no local e na hora em que vim. Foi por ela também que conheci exatamente meus amigos, que gritei, que não entendi, que perdi e que chorei. Para onde olho eu a vejo. Lá está, tão nítida. Como fugir, por onde escapar? Tão possível como uma mistura líquida homogênea. A cada ação, abro minha vida para a entrada da ação de Deus, e comigo Ele faz o que quer. Servidão, necessidade, entrega, rumo. As mãos Dele me conduzem e fazem com que tudo ocorra exatamente da forma que está acontecendo. Graça, amor, ou simplesmente, Providência Divina. nela eu me entrego, nela eu confio, por conta dela eu vivo.
Esse texto fará você pensar, até por que se você o leu foi por conta da Providência Divina. Se entregue!
Amém

Contra a maré

Meu mundo não é este. Eu não sou essas pessoas, nem as entendo, nem vejo nada delas em mim. Talvez meu mundo não exista, irreal, fictício, imaginário, utopia, ideologia, fantasia, anestesia, sonho. Pode ser alcançável, ou eternamente horizonte. Nem eu no mundo deles, nem eles no meu mundo. Exclusão, desunião, desinformação, desintegração, desprogramação, desestruturação, substancialismo, adjetivismo, distância. Aqui a lei da ação e reação não vigora. Não há ação, racionalidade, legitimidade, dinâmica. Consequentemente a reação não se faz em um dos melhores patamares de conceito elevado. Sem reação, sem base, sem novo, sem idéias, sem luz, sem graça. Que venham os ideais iluministas! Quero Rosseau, Tiradentes, Chico Mendes, Robert Hook, Einsten, Maria Quitéria e Derci Gonçalves. Não posso mudar aquilo que não me pertence, que não caibo, que não envolvo. Mudar não posso. Digerir não quero. Exclusão, desunião, desinformação, desintegração, desprogramação, desestruturação, substancialismo, adjetivismo, distância.

FUSÃO

LUGAR
VAZIO
UM
TEMPO
OUTRO
DOIS
HOMEM
MULHER
TEMPO
OLHAR
OLHAR
OLHAR
PROXIMIDADE
OLHOS
BOCAS
BEIJO
MÃOS
CORPOS
ROUPAS
CHÃO
BEIJO
UM
CORPO
OUTRO
CORPO
DOIS
CORPO
AMOR
?
CIU
?
ALMA
?
CORPOS

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Descoberta

Estou estarrecido, pasmo, surpreendido, anestesiado. Depois de tanto tempo de escuridão meus olhos, instantaneamente, conseguiram enxergar algo inusitado, inovador, revolucionário, divisor de águas. Estou ainda embreagado com minha tamanha descoberta, que se baseia no fato de o mundo...
...é que o mundo...
...que o mundo...
... o mundo é redondo!
Fantástico!
Quase que inacreditável!
Só não entendo como consegui viver todos esses anos sem fazer essa descoberta. Estava tão claro, tão óbvio, tão nítido. Estava ali e eu teimava em não ver. Depois dessa, me pego pensando em quantas outras descobertas eu não fiz. Será que haverá tempo para tudo? Já nem me importa, afinal não é todos os dias que se tem o privilégio de racionalmente descobrir que o mundo é redondo.

Entregue

Ela me tem deitado em suas braços. Em meio a trincheira nossos olhares trocam longos diálogos, eles sorriem sem que ecoe nenhum som. Quando a vejo me sinto seguro e meu pobre coração acalentado dispara. Meus braços a envolve e sua alma derram-se sobre mim. Levo no meu o sorriso dela, tão encantador, tão feminino, tão próprio.
Desejo ter você sempre do meu lado, desejo ouvir sua voz e te abraçar em cada instante que eu me perder. Desejo que nossas mãos nunca se separem e que nossos corações nunca deixe de ser apenas um. Desejo para o mundo todo um amor assim tão forte e verdadeiro, acalmador de mares e objetivo das manhãs.
A você, razão da minha poesia, dedico todo meu amor...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Elas

Rosas escarnecem toda a verdade mais profundamente oculta em qualquer singela palavra. Rosas gritam a frase crucial que viam cravada por detrás do seu branco olhar. Rosas falam, enganam, disfarçam. As rosas vermelhas são lindas, mas as rosas vermelhas são as mais lindas.
Saiba certamente para quem e quando enviar uma rosa. Não envie para sua amiga, sua chefe, sua professora, nem para aquela mulher que apenas te faz pensar em amor. Envie para sua mãe ou para a razão da sua vida. Rosas dizem eu te amo.
Não credite sempre que as rosas que recebeste foram sinceras, como eu disse, rosas enganam e disfarçam. Dê, pelo menos uma vez na vida, uma rosa a alguém. Se você não receber uma, pelo menos uma vez na vida, considere-se infeliz. Cheire uma rosa, plante uma e destrua outra. E o mais importante, nunca se deixe contagiar pela melosidade e superficialidade das rosas.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Do lado de fora

Eu vi na calçada um cobertor estendido, mas não me importa se há ou não um corpo ali debaixo, nem a temperatura do ambiente em que está meu coração gelado. Eu vi crianças numa ciranda debaixo do sinal e da opressão. Eu vi mais que olhos e pele, eu vi almas. Eu vi sua arrogância, seu beijo estilo Judas e seu voto na última eleição. Toda vez que eu saio de casa meu mundo desaba, eu me perco e descubro que nem conheço meu vizinho da frente. Outro dia fui assaltado e me levaram a dignidade de desfilar pelas ruas com meu sapato caríssimo. Outro dia me roubaram no caixa do supermercado, na conta de água, na de luz e no sonho de crescer. Por falar em crescer, aquelas crianças do sinal não sabem o que é isso, nem sabem que é um verbo em desenvolvimento, nem que a escola é para todos.
Eu sou uma pessoa feliz! Por que tenho senso crítico da sociedade, da minha irmã e do moço do bar. Sou muito corajoso, por que comungo todos os domingos e sou o futuro da nação, porque trago em mãos o poder da juventude.
Os problemas do mundo eu deixo aqui na poesia ou do outro lado do vidro. Dos seus problemas cuida você. Do seu mundo, seu deus. Dos seus olhos, sua imaginação.
Esse é meu exclusivo mundo, tão diferente da realidade, tão contrastante. Mas não fique com medo, esse é somente o meu mundo, e apesar de tudo, eu sou feliz.

Cênico

Eu conheço uma porção de frases idiotas que tentam resumir ou poetizar o conceito de teatro. Vãs e mesquinhas tentativas. Teatro é um conceito e percepção extremanente individual. Cada pessoa tem uma sensação e um sentimento diferente quando se depara com aquele universo mágico condensado entre cortinas, sobre um palco e sob luzes.
Cada vez que eu vou ao teatro eu sofro muito. Sofro por que tenho que controlar minha imensa vontade de subir ao palco, falar um texto qualquer e me deliciar com os aplausos do público. Da minha insignificante cadeira, me torço e tremo incompulsivamente, com uma vontade robusta de atrair os holofotes. Também fico pasmo com tamanho talento e disposição de certos profissionais, e volto pra casa com uma certeza maior de que a vida é mais cheia de graça quando se tem arte, e que teatro, no meu caso, é sinônimo de vida.