sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Definido

Certas certezas só tenho quando você está por perto. Certos medos também.
Não consigo esquecer seu olhar no meu. Nem minha vontade na sua.
Me perco em seu encanto. Me encanto em sua perdição.
Sinto o gosto de sua boca. Sinto uma infinidade por você.
Suas segundas palavras seguraram minhas primeiras lágrimas. Só você não viu.
A distância não apaga, não une, não destrói. Mas ela adia.
Só você pode me manter na espera. Só você pode o quiser.
Existe um momento certo para as pessoas certas. Você existe para mim.
Não pode ser em vão algo tão de verdade. Tenha certeza que não será.
Sem você eu sofro, eu choro, eu grito. Tudo do meu jeito.
Quando puder, permitir, entender... eu vou te amar.

Simples

Com o queixo confortavelmente depositado sobre o mármore da janela, e os olhos limitados pela tela verde protetora, eu pude ver aquela cena com os olhos do coração. Minha casa tem o cheiro inigualável e único da minha casa. O barulho causado pelos pingos fortes da chuva inesperada também só se faz por este telhado. Logo ali, depois da barreira, a maior figura representativa do amor. Logo aqui, a sensação mais significativa de paz. Quantas outras inúmeras vezes essa cena se repetiu diante de mim. Muitas delas despercebidas e outras tantas nem mencionadas. Nenhum outro amor me tirará esse espírito, nem me fará esquecer do conforto da simplicidade. Por que o melhor da vida vem do simples e o maior dos amores não se conquista.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Primaveras e Visões

Peço aos gritos, à algum leitor perdido por essas linhas, que caso possa, me ajude a entender o que aconteceu com os meus olhos. As quatro estações não pareciam tão nítidas para mim, até infinitos 2 segundos atrás. Me surpreendi também, quando após aquele piscar renovador, começei enxergar os sertões um pouco mais secos, com um punhado a mais de animais suavemente se decompondo ao lado daquelas gretas grotescas do chão desanimador.
O que mais meus olhos enganados e enganantes não conseguiam ver? Quantas outras poucas ou tantas estações ainda restam para eu atravessar? Depois disso, tenho aqui abaixo do peito, aquela sensação fria, de medo inocente e assasino, que não é comum em meninos inocentes e assassinos como eu. Será agora tudo novo ou será apenas que eu nunca havia me enxergado? Primaveras e verões, eu e você.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Primeira

Tantas vezes eu quiz escrever o poema certo e cantar a cancão que mais fazia sucesso. Outras tantas vezes eu saí de casa pensando no possível milagre de logo, do outro lado, encontrar o amor de todas as minhas vidas. Foram várias noites que eu rezei por motivos que nem me lembro mais, que olhei pela janela apática e não vi nenhum horizonte, que me deitei na cama e imaginei vocês por todo meu corpo. Inúmeros olhares coloquei sobre o relógio à espera de algo totalmente novo. Infinitos passos dei nas mais variadas velocidades, apenas querendo vencer aquela curva excitante da esquina e nem mesmo me lembrei da beleza tão simples das longas retas. Foram muitas criativas vezes que fiz as mais criativas e óbvias coisas, mas essa é a primeira vez, que sozinho nesse quarto, com as teclas aos meus dedos, não tenho inspiração nenhuma para escrever aqueles antigos poemas tão meus.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Por um fio

Quem vê esse rasgo de firmeza, de certezas e de solidificação, não pode imaginar a dúvida constante que nos faz balbuciar. Quando parece estar tudo nos conformes, exatamente como rege as regras da vida, nossos passos parecem dar uma leve e proposital desequilibrada, e então sinto que estamos por um fio. Nas situações em que nossos olhares, tão próximos, resolvem se examinar com cuidado, ficamos a revesar a atitude, quase que necessária, de hesitar. Depois de minutos incríveis parados no tempo deixando-nos corroer pela cruel dúvida de atirar ou não, entregamo-nos na tão fácil e antiga atitude de desviar: a arma, as palavras e o olhar. Já sua mão honesta que me tocou, não parecia ser morada de receio nenhum. E assim, pela trilha, seguimos a caminhar. Talvez com eternas dúvidas, talvez com eternas certezas carregadas no olhar.