segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Talvez

Não!
Decididamente, recitando para os objetos e às quatro paredes, em tons e volumes diversos, numa certeza apocalíptica. Até meus olhos falavam que não. E era repetido repetidas vezes, repetidamente. Os poucos espaços onde a negação-mor explícita perdia lugar no discurso, era tão somente porque via-se substituída pelas sentenças solitárias "jamais" ou "nunca". Raras, porém, vivas vezes. Não!, a escorrer por tudo, a deslizar para sempre. Não!, para todas as noites. Não!

sábado, 24 de outubro de 2009

E agora Mané?

E agora Máné?
Ficou sem palavras, começou escrever, se perdeu no tempo e nem percebe ele passar.
E agora Mané?
Você que inventa e desinventa, você que sofre todo dia, você que saiu da inércia e nem consegue mais seguir.
E agora Mané?
É outro sorriso, é outro olhar, é outra manhã, é outro poema, é outra vez.
E agora Mané?
E agora você!
E agora eu!
E agora?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

  • E se eu disser desculpa, seque minhas lágrimas e segure minha cabeça antes que eu tombe sobre o chão. E se eu for sorrir, cerre os meus lábios e brinde o meu beijo com o acalento de seu ar.
  • Quando receber minhas cartas anônimas, não demonstre que sentiu meu cheiro, nem comente sobre minhas formas de rimar e me faça acreditar que você não conhece o remetente de tamanha inocência.
  • E quando eu soltar meus acessos de loucura, aumente o son do rádio, despetale sua paciência e ignore minha falta de poesia.

... se houver tempo para mim, só peço que me aceite e que entenda minhas rimas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sentido único

Você é cheiro que fica em meu corpo, por além as horas de presença. Você é cheiro até o fim e desde o início. Você é cheiro que encontro no caminho, mesmo quando a distância tenta te separar de mim. Você é cheiro de tudo que sinto, é mistura do seu olhar no meu, é desejo que exala em harmonia. Seu beijo é cheiro de abismo e suas mãos é cheiro de prazer. Sinto ao toque do seu abraço um cheiro de conforto e me deixo dominar pelo meu insano olfato. Cheiro todo seu corpo e te levo para mim. Você também me cheira. E quando os cheiros vão se embora, resta aqui nesse espaço só o cheiro desgovernado daquilo que outras vezes chamei de saudade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Eu...

...cruzo pelos corredores e pelos curtos trilhos da minha rotina. Cruzo com olhares, me deparo em olhares e esbravejo entre cabeças a balançar e a dizer icógnitas malditas. Ando de um lado para outro, marcando passos num chão marcado por tantos outros passos. Mas os meus são diferentes. O tempo é outro, o olhar é outro, o futuro é outro, só o chão se repete. Escarneço sob a luz do sol, me sinto vibrar ao toque da modernidade, escapo timidamente das mãos a me apalparem. Sou real, sou realeza, sou pés a marchar por entre caminhos, por entre espinhos, por entre sonhos. E de tudo que vejo o que mais desejo, é seu olhar sobre o meu, cruzando minha vida e exalando em poesia esse son que só você é capaz de me fazer sentir.

Trovadorismo

Quantas vezes é preciso lançar a flecha para se conquistar algo? Por quantas horas terei que permanecer para que você permaneça em mim? Ou quantos erros devem ser corrigidos no correr dos encontros para se aprender que a vida vai mais além? Não espere que minhas respostas colocar-se-ão nessas linhas e que eu farei-me tão claro e abusado quanto em meus momentos de devaneios. Não me faço diante de mim, mas me contrario sobre minhas verdades e até minha maneira nada inovadora de reviver. O que digo, pois, em resumo ou em risadas, é que inspirado estou a novamente escrever. Por enquanto, por agora e para mim.