quinta-feira, 26 de março de 2009

Impotência

Eu queria conseguir escrever um texto que tivesse um calor diferente, que possuísse as palavras corretas capazes de deixar seu corpo molhado de prazer solitário, seu rosto transpirando enquanto você gira a cabeça descontroladamente, morde os lábios, fecha os olhos e geme entre a respiração ofegante, até se perder no salto de sua orgástica poesia reprimida. Nesse texto também deveria ter um pouco de maldade escorrendo no início de cada parágrafo, que fosse capaz de deixar você chorando, como uma mãe impotente após um aborto sofrido, só por ter se lembrado daquele episódio lastimável que você sempre preferiu esquecer. E por fim, deveria ter muita ironia espalhada pelas entrelinhas, sob e sobre as linhas e até pelo título. Aquela ironia que alguém como você só vê se enxergar. Eu queria tanto conseguir lapidar esse texto...
... mas eu não consigo.

Um comentário:

Roberto Ney disse...

Você possui o dom das palavras. O poder de cortar nossa carne feito navalha e inundar nosso peito de lágrimas fantasmas, daquelas que não escorrem pelos olhos, mas transbordam por entre os poros...

esse é um trecho de um texto que criei sob a inspiração de tuas sempre surpreendentes palavras...
abração!