sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Palavras doadas

Meus pés na areia branca
nas tardes de sábado afinco
escrevem seu nome para o mar,
enquanto o sol nos bronzeia
e você me domina:
Menina.


A orla somos nós
a interpretar dois amantes
sem culpa e sem carma,
com olhos nos olhos
a brindar o Arpoador:
Amor.


No pôr-do-sol de Ipanema
meus lábios encontram os seus
a meia luz do meio sol,
com o céu derramando o azul
e seu corpo todo em aquarela:
Bela.


Estou certo de que minhas palavras
são endereçadas ao teu sorriso
misturado ao sal do mar,
que me molha de inspiração
e preenche os meus dias:
Poesias.

sábado, 23 de julho de 2011

Era uma caixinha de sonhos que ficava sobre a penteadeira no quarto maior daquela casa pequena. Abria-se as vezes, meio que escondido, e ficava-se ouvindo com encanto aquela melodia tão doce que embalava a bailarina num rodopio sem fim. Não havia perda de equilíbrio, não havia falta de graciosidade, nada era capaz de interromper. Tardes faceiras, rodeando as roseiras, num jardim improvisado e cuidado com tanto amor. Banhos de torneira e a rua tomada por brincadeiras de crianças ainda inocentes, sonhando um mundo, fantasiando a vida. A alegria precisava de tão pouco e estava sempre no tão pouco que se tinha. Nada faltava aos olhos de quem ainda não havia crescido. As pedras do quintal, as do muro, as da rua, as da escada... todas eram testemunhas da vida feliz erguida por ali. Ainda que o tempo molde em ruínas aquele lugar, as lembranças (lembradas por um ou por todos) sempre despertarão todas as vezes que a caixinha se abrir e a bailarina se pôr a dançar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Coisas Boas

Não quero só de vez em quando...

Ler um bom livro,

Ir ao teatro e sair extasiado,

Cantar no meu tom e do meu jeito,

Dançar, com técnica ou só com alegria,

Ir à praia,

Embolar meu corpo em outro corpo,

Atuar,

Falar de sentimentos, com sentimento,

Voar de avião,

Abraçar minha mãe,

Escrever sobre o que se passa aqui dentro,

Liberar endorfina,

Rir com amigos,

Encontrar com Deus.

Eu quero sempre!

sábado, 23 de abril de 2011

Flores em Laranjeiras

O silêncio nunca é completo por aqui. Sempre tem uma gota que bate na proteção da janela ou um carro sem ritmo que atravessa a distância da rua. Por dentro também é assim. Agora Cazuza, outrora Bethânia e daqui a pouco Vercilo. Tem também a agonia de uma mão que desliza de minuto a minuto, a procura de uma fotografia anti-saudade. Se bem que, pela hora que o relógio exibe, me parece cedo demais para saudades.

Tão estranho e inusitado quanto os acasos de uma quarta santa. E num piscar de olhos mal intencionados, perde-se a certeza sobre as confissões que eram feitas em volumes tão minúsculos. Acredita-se que o coração tem aumentado o tom, a batida, a atividade, a vida.

Brincadeiras no fim de tarde podem deixar marcas pelo restante da noite.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Copacabana

Hoje eu entendi uma coisa que eu já havia sentido antes, mas ainda não tinha conseguido identificar, nomear, expressar. Vim rápido pra casa, antes que a emoção me fugisse e as palavras se esquivassem. Você já esteve em Copacabana?

Estive poucas vezes, mas hoje foi diferente de todas as outras poucas. Hoje eu estava aberto, meu espírito estava mais entendido, havia mais sensibilidade. E quando eu percebi, já estava totalmente envolvido pela força que existe em todos os cantos daquele lugar.

O mar estava mais azul e mais infinito do que qualquer outro. E revolto. Rebelde. Em ondas que não aceitavam qualquer mero candidato a banhista. Somente os melhores. Por ali, parece que só pode mesmo habitar, os melhores. Os corpos de Copacabana, desde aqueles modelados pelo artista na areia, até aqueles modelados por outro Artista, e que correm pela areia, são minuciosamente esculpidos. Não basta haver beleza, é preciso perfeição. E há. Desde o bronzeado irretocável, ao azul céu-mar nos olhos dos turistas. Em Copacabana as peles brancas globalizadas tocam os corpos negros favelados, sem pudor, sem medo, sem preconceitos. As pessoas se olham. Se cruzam. Uma orgia de energia. O mundo inteiro está ali: em línguas, em gestos, em comportamento, em sabedoria.

Pequenez reduzir Copacabana apenas a uma praia, um forte, um bairro. É estilo. É vida. É mistura de povos. É uma parte maravilhosa de uma cidade que mostra seu sorriso esboçado no que o vil poeta nomeou de simplesmente Copacabana.

domingo, 21 de novembro de 2010

Ahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!

Quando a música parou, eu nem consegui esperar o movimento seguinte. Me levantei no ímpeto e gritei sem pudor, num pedido explícito de ajuda: "Socorro!" Sim, falei. E cá para mim, não me arrependo. Mas não tive coragem de olhar para os lados. Cerrei os olhos fortemente e garanti que o meu, não cruzasse com nenhum outro.
Foi aí que me veio a dúvida. Será que há ao meu redor alguém que me entende? Será que só eu tenho essas idéias? Será que alguém pode me socorrer?
Têm coisas que só eu sei e só eu vejo. Têm coisas que só eu entendo e só eu sinto. Têm tantas coisas que só se fazem para mim.
Amanhã eu acordo, me levanto e vou andar por aí.
E caso ouça um grito de socorro... pode ser que seja eu.

sábado, 13 de novembro de 2010

Aqueles

Meninos bobos escrevem poesias que falam de um amor que possa nascer, de qualquer pôr do sol que possa haver ou sobre canções escarradas nas vozes do mundo.
Meninos bobos, são aqueles que se apaixonam. São aqueles que olham nos olhos e se perdem, que esperam, que criam, que sonham.
Meninos bobos por todas as partes, por todos os cantos, dançando juntos. Passos iguais e olhares cruzados.
Meninos, quão bobos podem ser? Quão amados poderão? Quão?
Todo mennino é um pouco um menino bobo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Adulto

... Outro dia eu encontrei até dentro da minha Bíblia, aqueles papéizinhos amarelos que registram em números minha ligação afetiva com o Banco.
Quem me vê com a cara amarrada e colada ao vidro, enquanto atravesso a cidade dentro de um ônibus, não é capaz de imaginar em tudo que eu penso. Meus últimos instantes antes do sono são absolutamente ocupados e dedicados a uma vida que é exclusivamente minha. Eu não sabia que o futuro ficava assim tão próximo de mim, tão próximo do real, tão distante do sonho.
Tanta coisa já não importa. Nenhuma palavra que consiga me acordar no ímpeto do amor materno, consegue abreviar meu sorriso (faço questão de levá-lo comigo).
Vida grande. Grande vida.
Futuro? rsrsrs Só não me esqueça aqui.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Retrô

Ainda me pego admirando a moldura do porta retrato que pindurei na parede do meu quarto há duas semanas. Guardo debaixo do colchão mofado fotografias meio rasgadas. Copiei em pedaços de papel velho, palavras amargas que nunca disse a ninguém, mas que um dia, enviarei pelo correio para você. Escrevi com um prego, meu nome, em todos os CDs que tinham canções de ninar. Por momentos relâmpagos consigo perder minhas chaves do quarto. Mas ainda bem que minha memória não é falha e sempre sei onde guardo minhas coisas. Sempre sei o que fiz. Sempre sei onde eu não deveria ter errado. Mas nuns momentos de distração, eu ainda me pego admirando a moldura do porta retrato que eu pindurei na parede do meu quarto há duas semanas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Caio

Caio é um menino que parece homem. A vezes ele até é um homem que parece menino. Alto, magro, branco, cabelos pretos, olhos vivos, sorriso branco e alma verde. Caio é bravo e forte, mas não conta pra ninguém. Anda pelas ruas de cabeça baixa a procura da marca do tesouro. Tem um coração sem pudor. Vende seu corpo nas noites de sextas-feiras e escreve livros em italiano nas manhãs de quartas-feiras. Tem uma tatuagem nas costas, outra no peito e outra no pé. Canta enquanto toma banho e adora pizza gelada com suco de grosélia. É simpático e engraçado. Mas é cruel quando sorri, quando sente pena e quando exclui. Caio foi coroinha, foi espírita e é ateu. Atualmente se masturba três vezes por dia enquanto assite os principais jornais da TV. Amou muitas meninas, namorou algumas dessas e terminou com todas. Acorda de madrugada e joga comida para o peixe. Não sabe nadar, não sabe dançar, não sabe resolver problemas de matemática. Mas estuda música, anda de bicicleta e flerta com a vizinha casada do apartamento ao lado. Caio é tão "Caio" que nunca foi confundido, nunca foi condenado e nunca foi infeliz.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Recadinho

Menina de cangote a me chamar.
Menina mais que menina.
Mulher de todas as estações.
Rima dos meus poemas,
ritmo das minhas canções,
dona das fotos que mais guardo,
do sorriso que mais lembro,
do sentimento que mais sinto.
Branca pele,
negras madeixas,
ondas do mar em si.
São teus todos os meus sorrisos
e todas as minhas dúvidas.
Pegue meu perfume,
pegue minha poesia,
um pouco dos meus sonhos
e cante para mim,
na linguagem do amor.
Ah... outrora.
Relógios em descompasso.
Tempos loucos, desiguais, imortais.
Menina, menina...
cuidado com seu olhar,
não brinque assim comigo,
porque quando eu voltar,
vai ser pra te amar até o fim.
Menina, menina...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Depois daqui...

Um salto, um grito, uma lágrima, um acenar de adeus... vai-se saber o que determina o fim da ponte da vida. Vai -se saber se há tempo para alguma coisa, para alguma prece, para alguma saudade. Minhas jovens palavras são como os jovens que estendem a mão rumo ao horizonte luminoso, são como o singular destino da flor mais bela do jardim que tão cedo deixa para trás apenas a marca de seu perfume. O que fazer com tantas páginas em branco a espera de letras, com tantas fotografias a espera de continuidade, com tanta saudade derramada por todos os cantos da casa? O que fazer com a dor que nunca mais passa e com o amor que nunca mais será entregue? O que falta entender? O que ainda tem que se escrever?
Vida... que vem e que vai. Que vai levando pedaço de outras tantas, de tantos outros.
Não tem mais cheiro, não tem mais voz, não tem mais riso...

domingo, 15 de novembro de 2009

Recado

Peito arrebentado em milhões de pedaços. Face sangrando gotas vermelhas provocadas pela realidade. Lágrimas que se jogam ao chão. Papel. Caneta. Uma única vontade...
... queria dizer aqueles que nunca disse, que os amo. Quero lembrar que nossas canções sempre tocarão e sempre conduzirão meus pensamentos aos momentos que passamos juntos. Nossos sorrisos nunca serão esquecidos por meus lábios. Nem as noites que compartilhamos acordados serão um dia tidas como esquecidas.
... aos que eu já disse que amo, reforço. Desculpe se não lhes repeti isso várias vezes por dia. Me dói ainda mais saber que não terei tantas outras oportunidades, num tempo tão vasto como esse, para lhe cobrir os ouvidos com o que lhe trago no peito.
Por agora, sinto a presença de uma já íntima companheira, de perfume conhecido. A saudade que me habita, por tantos e por tanto tempo, preenche-me os espaços deixados pela distância. De tantas manhãs, tardes e noites, só restou uma noite, fantasiada de alegria, mas que leva em si a tristeza do adeus indefinido.
E o que parecia durar para vida toda, se faz mais uma vez saudade.

sábado, 7 de novembro de 2009

Folhas

Das árvores tão altas, desembocam em voos destruídores e alcaçam o chão, sem medo de opiniões alheias. Pra que ficar no alto, se no chão é que elas são felizes? E lá, ficam até o fim da vida.
Dos livros, menores ou eternos, brancas e de tantas cores, deixam-se serem tomadas pelas mãos de um qualquer autor, e marcam para sempre o futuro, o destino e a vida de todos.
De fronte a uma mesa marrom, de estatura média e com ar colonial, com um livro de infinitas páginas quase transparentes, eu fico louco a escrever. Cada página uma história, em todas elas o mesmo protagonista. Mas as páginas me cansam e eu as deixo para trás como troco de mochila a cada semestre. Eu sou assim, autor do meu livro. Condutor da minha história. Sou uma mão sempre estendida no cais a dizer adeus para alguém que se vai. Sou um sorriso sempre aberto, a desejar boas vindas aos perfumados pedidos de ingresso em minha vida. Histórias curtas, porém emocionantes. Vida longa e muitas páginas a preencher. Só não gosto do vazio. Só não quero a branquidão na vida. Só não sei como será o fim.

Daqui de dentro...

É manhã ensolarada num dia de sábado. São canções estranhas que vem da outra janela. Só eu sei por que eu chorei. Só eu sei quantas vezes achei que era para sempre. É falta de humor. É falta de tempo. É falta de planos. Era paixão, já foi amor e não passa mais de cartas que não são entregues. É dias inteiros sem voz, sem olhares, sem palavras. Eram dias inteiros com voz, com olhares e com palavras. Agora é texto enigmático, mas já foi cartas de amor. Foi uma vida, foi ausência, foi tristeza. É emoção, é personagem, é lágrimas no canto do coração. Agora é futuro. Agora é mistério. Agora é viver...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Talvez

Não!
Decididamente, recitando para os objetos e às quatro paredes, em tons e volumes diversos, numa certeza apocalíptica. Até meus olhos falavam que não. E era repetido repetidas vezes, repetidamente. Os poucos espaços onde a negação-mor explícita perdia lugar no discurso, era tão somente porque via-se substituída pelas sentenças solitárias "jamais" ou "nunca". Raras, porém, vivas vezes. Não!, a escorrer por tudo, a deslizar para sempre. Não!, para todas as noites. Não!

sábado, 24 de outubro de 2009

E agora Mané?

E agora Máné?
Ficou sem palavras, começou escrever, se perdeu no tempo e nem percebe ele passar.
E agora Mané?
Você que inventa e desinventa, você que sofre todo dia, você que saiu da inércia e nem consegue mais seguir.
E agora Mané?
É outro sorriso, é outro olhar, é outra manhã, é outro poema, é outra vez.
E agora Mané?
E agora você!
E agora eu!
E agora?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

  • E se eu disser desculpa, seque minhas lágrimas e segure minha cabeça antes que eu tombe sobre o chão. E se eu for sorrir, cerre os meus lábios e brinde o meu beijo com o acalento de seu ar.
  • Quando receber minhas cartas anônimas, não demonstre que sentiu meu cheiro, nem comente sobre minhas formas de rimar e me faça acreditar que você não conhece o remetente de tamanha inocência.
  • E quando eu soltar meus acessos de loucura, aumente o son do rádio, despetale sua paciência e ignore minha falta de poesia.

... se houver tempo para mim, só peço que me aceite e que entenda minhas rimas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sentido único

Você é cheiro que fica em meu corpo, por além as horas de presença. Você é cheiro até o fim e desde o início. Você é cheiro que encontro no caminho, mesmo quando a distância tenta te separar de mim. Você é cheiro de tudo que sinto, é mistura do seu olhar no meu, é desejo que exala em harmonia. Seu beijo é cheiro de abismo e suas mãos é cheiro de prazer. Sinto ao toque do seu abraço um cheiro de conforto e me deixo dominar pelo meu insano olfato. Cheiro todo seu corpo e te levo para mim. Você também me cheira. E quando os cheiros vão se embora, resta aqui nesse espaço só o cheiro desgovernado daquilo que outras vezes chamei de saudade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Eu...

...cruzo pelos corredores e pelos curtos trilhos da minha rotina. Cruzo com olhares, me deparo em olhares e esbravejo entre cabeças a balançar e a dizer icógnitas malditas. Ando de um lado para outro, marcando passos num chão marcado por tantos outros passos. Mas os meus são diferentes. O tempo é outro, o olhar é outro, o futuro é outro, só o chão se repete. Escarneço sob a luz do sol, me sinto vibrar ao toque da modernidade, escapo timidamente das mãos a me apalparem. Sou real, sou realeza, sou pés a marchar por entre caminhos, por entre espinhos, por entre sonhos. E de tudo que vejo o que mais desejo, é seu olhar sobre o meu, cruzando minha vida e exalando em poesia esse son que só você é capaz de me fazer sentir.

Trovadorismo

Quantas vezes é preciso lançar a flecha para se conquistar algo? Por quantas horas terei que permanecer para que você permaneça em mim? Ou quantos erros devem ser corrigidos no correr dos encontros para se aprender que a vida vai mais além? Não espere que minhas respostas colocar-se-ão nessas linhas e que eu farei-me tão claro e abusado quanto em meus momentos de devaneios. Não me faço diante de mim, mas me contrario sobre minhas verdades e até minha maneira nada inovadora de reviver. O que digo, pois, em resumo ou em risadas, é que inspirado estou a novamente escrever. Por enquanto, por agora e para mim.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coisas

Soluços da noite sem luar, que encanta amantes rápidos em descobertas sem nenhuma emoção. Apenas uma noite, qualquer, como qualquer outra. Entre batidas do ponteiro do relógio e gritos do msn aflito, entre uma nova poesia a ser emoldurada e uma nova amizade a ser traçada, entre o que já se viu e aquilo que sempre há para se ver. Não falta nada quando se tem a certeza de que o certo está sendo. Não falta ninguém quando se sabe que o que lhe aguarda não lhe faz bem. Não falta canção quando o silêncio fala mais do que uma voz. Não falta cheiro, quando não se precisa agradar. Não falta vida, quando eu tenho certeza que só eu preciso saber das minhas poesias. Não falta quase nada, quando se sabe que o dia vai chegar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

De joelhos

Obrigado meu Deus...
... pelo caminho que eu trilhei.
... pelas oportunidades que encontrei ou não encontrei.
... por todos os dons que recebi.
... pelos amigos que contrui e aqueles que descobri.
... pelas palavras concretizadas em papéis e telas.
... pelas curvas que faço.
... pela gravidade.
... por aquela mulher que encontrei na esquina.
... pela possibilidade de construir meu futuro.
... pelas dúvidas.
... e pela vida, exatamente como ela é.

Solto

A canção que toca, é leve, suave, tem sensação de brisa no rosto quando se desce de bicicleta a íngrime ladeira, tem cheiro de hotelã e cara de comercial de TV. A cor das letras desse texto é azul, bem claro, parecido com a mistura do azul do céu e do mar. A rima, simplesmente não rima. Não porque não se é capaz, mas por que não se deseja. É assim, e sem motivo. É próprio.
Eu estou renovado, com um sorriso maior e mais branco, com os olhos mais brilhantes e com a pele mais viva. Eu estou desnudo e muito a vontade, e nem me importo com o vento batendo em minhas poucas e transparentes roupas. Estou tão claro, tão limpo, tão aliviado. Estou tão feliz...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Era

Quanta inocência minha achar que aquela inocência seria para sempre. Me vi pendurado em cada um daqueles sorrisos, até mesmo os bem guardados e os não muito bonitos. Os olhares que me atingiam não podiam fazer idéia das lembranças que me acertavam. Lembranças de um tempo em que o amor era puro, e mesmo quando não correspondido, doía menos. Lembranças de um sonho antigo e latente, sem nenhuma lapidação e tão abstrato quanto as nuvens de meus desenhos coloridos. Pude ver em cada parede daquelas, as marcas de minhas mãos a deslizar cegamente rumo a um rumo qualquer. Senti um cheiro de passado, um cheiro de lembrança, um cheiro de saudade e me vi em cada um daqueles. Mas nunca mais o tempo vai voltar, nem eu serei novamente, nem a vida parará. Tantas coisas, nunca mais...

sábado, 8 de agosto de 2009

Sentimentos

Sou a decisão e a certeza, sou as palavras e os movimentos do meu próprio corpo. Mas juro a você, não sou eu. Enquanto meus pés tocam aquele chão, não é minha voz e nem é minha razão. Sou tantos, uma orgia, um grupo, um solitário na multidão. Por que sim, eu sou solidão por detrás do sorriso programado que vendem nas prateleiras. Aí, também fico à mercê dos olhares que pensam que sabem o que eu penso. Nem você sabe o que eu penso todas as vezes que lhe vejo, e quando te toco, até meus pensamentos fogem do meu controle. Volto atrás, redefino, reconquisto, brinco. Sua diferença é mais do que uma marca, é um convite ao amor. E você não me olha nos olhos...
Desculpe-me leitor, por usar de você essa tal paciência que tanto me falta. Mas eu queria desabafar, só isso. Eu queria desabafar... dentro de você.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Portal

Haverá um dia em que o nascer do sol será diferente. Haverá um dia em que estaremos todos do outro lado da linha. Aquela linha que separa esse tão conhecido mundo daquele outro inesplicável, inenarrável, nunca visto. A morte também é vida. É apenas uma parte da vida. É um renascer em luz, em mistério, em eternidade. Deveríamos todos ficar preparados para fazer a passagem a qualquer momento do dia ou da vida. Só nunca fazemos. Só nunca estamos. Sós, nunca continuaremos. Adeus... ao jovem, ao velho, à mãe. É o que dizem muitos, pelos cantos dos parques e pelos espaços das lágrimas. Há um lugar onde rei não é rei e qualquer Michael é simplesmente um mortal. Há tantas coisas a se entender, há tantas dúvidas para se driblar e há tantas vidas para se viver intensa e eternamente. Para quem se foi e para quem ainda se vai... muita poesia e luz!

domingo, 5 de julho de 2009

Reencontro

Está aqui em mim. E agora eu estou aqui, em mim.
Por vezes, não sei bem o motivo, eu deixo isso acontecer. Confesso que aprendo, muito, demais... a como não ser. Ainda penso, que são nesses desvios que me torno ainda mais maduro, e crente daquilo que sou e daquilo que não quero ser. Pelas outras vezes, não tenho mais espaços para futilidades. Meu corpo e minha idade, correspondem ao mundo real.
Creio que aquilo que eu sentia era saudade. Já não há mais por que...
Me sinto tão bem quando estou de volta. Só, comigo. De repente, de um estalo, de um passe de mágica, coisa que não acredito existir. E para esse caminho, não hei de voltar. E para essa vida, não hei mais de jogar meu tempo.
E assim meu vou. Aliás, assim eu fico. Muito a vontade comigo mesmo e com a certeza de que não te agrado, que não canto com sua voz e sou realmente o autor de minhas próprias poesias.
Pra quem fica... boa sorte!

Saiu... rsrsrs

Por várias vezes eu estive prestes a escrever sobre várias coisas, mas acabei desistindo. E não foi por falta de palavras, nem por falta de tempo, muito menos por falta de angustias. Me lembro que certa vez quis escrever sobre a vitrine, logo aqui, e os olhares curiosos e as vezes discretos a perambular descaradamente. Foi então, que hoje, depois de nada especial ter acontecido, eu resolvi soltar o verbo e substancializar tudo que adjetivei e conjuguei aqui dentro. Sem nexo ou contexto, não coloco endereço, mas tenho aqui comigo, cada traço e rabisco e motivos tão vivos por quem ou por qual jogo me. São tantas as coisas, que nem sei por onde começar. Talvez pela mesa do bar, vazia, de novo vazia e suja, sem uma conta a pagar. Bancos na noite e crianças em uma ciranda sangrenta sem medo do raiar do sol e da ação da gravidade sobre suas máscaras tão bem desenhadas. Corpos que dançam, mas não amam. Enganam-se. Há tanta gente enganada. Tanta alma falsa, fraca, farta. Metade do que eu te disse outro dia, era só conveniência. A outra metade, era mentira. E para aquele quadro da parede, guardo meu porão, já que outras pinturas ocupam aos poucos seu lugar. Mensagens em garrafas para o outro lado do mar e tesouros escondidos, aqui na ilha ao lado. Velhos mapas, novos conceitos, antigos amigos. Só o passado! Novos textos, outros dias, novas poesias e talvez, mais pra você e sobre você. Não perca! Não queira me inspirar. Mas vá sem embora, e deixe aqui, seu já esquecido lugar.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ausência

Há tantas noites, enluaradas ou não, eu não venho por aqui despejar minha poesia. Há tantas noites, enluaradas ou não, eu não depejo meu beijo sobre seus lábios vazios. Há tantas noites, enluaradas ou não, eu deixei de eternizar meus amores instantâneos pelas anônimas molecas a destilar charme para cima de meu desejo. Quando muito tempo fico sem tocar esse solo, deixo boa parte da minha vida sem relato, sem retrato, sem vivo fato. Talvez não seja de interesse alheio saber de minhas aventuras e desventuras ali mesmo na esquina, ou talvez seja de muito interesse saber de minhas ousadias e orgias, bem aqui, dentro de mim. Acho que já falei demais por essas palavras. Acho que falo demais por essas palavras. Acho que devo ficar outras tantas noites, enluaradas ou não, sem revelar meus oblíquos pensamentos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Artístico

Rasge meu peito e deixe-me derramar sem pena todo o sentimento aqui provocado pela idéia apática de um texto, escrito por objetivos não claros de um autor ou mero poeta em fantasias sinuosas. Derramo pela garganta a arte que só Deus me ensinou fazer. E declamo sem piedade as estrofes inebriadas que alguém outra vez tentou cantar. Me soltem aqui em cima e deixem que eu despeje meu olhar verdadeiramente verdadeiro sobre os olhos daqueles que param para me ouvir. E se tiverem que me colocar numa cruz, que seja na do meio, no ponto mais alto e mais iluminado. E que se for para representar, que seja somente com a alma. E que se for para amar, que seja sem ensaio. E que se for para viver, que seja no improviso.
Mas que seja sempre sucesso, lágrimas e riso!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Eu queria, aqui, falar de amor com um sentimento tão forte quanto o que ouço na canção.
Mas nessa hora eu fico do tamanho deste poema.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Impotência

Eu queria conseguir escrever um texto que tivesse um calor diferente, que possuísse as palavras corretas capazes de deixar seu corpo molhado de prazer solitário, seu rosto transpirando enquanto você gira a cabeça descontroladamente, morde os lábios, fecha os olhos e geme entre a respiração ofegante, até se perder no salto de sua orgástica poesia reprimida. Nesse texto também deveria ter um pouco de maldade escorrendo no início de cada parágrafo, que fosse capaz de deixar você chorando, como uma mãe impotente após um aborto sofrido, só por ter se lembrado daquele episódio lastimável que você sempre preferiu esquecer. E por fim, deveria ter muita ironia espalhada pelas entrelinhas, sob e sobre as linhas e até pelo título. Aquela ironia que alguém como você só vê se enxergar. Eu queria tanto conseguir lapidar esse texto...
... mas eu não consigo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Objeto

Experimente colares de todas as cores, tamanhos, preços e utilidades. Nunca saia de casa sem a bíblia, sem colírios e sem colares. Para cada tipo de pescoço existe um, com um tamanho e formato ideal. Assim como há uma parte do corpo para cada tipo de colar. Eu gosto de brincar com eles, de usar e desusar, de colocar no pé, no pescoço e no lixo do meu quarto. Gosto de tirá-los exatamente quando eu quero, de fazer de conta que me importo com eles, de usá-los para secar minhas lágrimas e de deixá-los acreditar que são infinitamente meus preferidos. Às vezes eu prefiro as pulseiras. Às vezes as tatuagens. E só de vez em quando, para minha pura diversão, eu prefiro os calores. Sabia que anéis são colares pequenos? Mas estes já não cabem mais em meus dedos vividos. Não deixe que a vida passe sem que você use, ao menos, um. Melhor do que a inocência dos colares, só mesmo o prazer de minhas poesias.

domingo, 8 de março de 2009

Condições

Se você for me beijar, primeiro, olhe nos meus olhos e deixe claro que deseja muito tudo isso, depois feche os seus para os meus poderem acreditar na sinceridade do seu coração e só então, coloque sua boca na minha e seu corpo no meu. Se os seus braços forem me envolver, que seja bem devagar e bem forte, que ele seja quente e humano, e que me obrigue a segurar qualquer eventualidade que resolva escorrer pelo canto do meu olho. E se for para me fazer carinho, que seja com a minha cabeça em seu colo, com a minha confiança em seus braços e o meu desejo todo em você. Aceite minhas condições, concorde com as músicas que eu ouço e me surpreenda com o despertar do amor.

sábado, 7 de março de 2009

Bons e melhores

Eu quero ser um ser de coração bom e chorar sem vergonha todas as vezes que me deparar com outro ser de coração bom. Mas eu também quero chorar lágrimas duvidosas quando me deparar com seres incertos, de más atitudes certas. Acho que eu devaria doar um pouco mais de paciência aos seres inseguros e imaturos, que atravessam a vida sem exercitar a racionalidade e sem ter a coragem de serem donos de uma opinião própria e de uma personalidade personalizada. Eu quero deixar de ser cínico nos momentos que finjo me importar com sua dor, com suas lágrimas e com seus beijos. Preciso parar de julgar os outros pela vital forma de pentear os dois primeiros fios de cabelo do lado direito da cabeça ou do formato que possui a unha do dedo médio. Eu quero melhorar minhas palavras, minha escrita, minha forma de abrir os olhos quando acordo e, por último, minha forma de dizer que não. No fundo, o que realmente quero é apenas ser melhor do que todos aqueles que por aqui passaram e não deixaram nenhuma boa história.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Definido

Certas certezas só tenho quando você está por perto. Certos medos também.
Não consigo esquecer seu olhar no meu. Nem minha vontade na sua.
Me perco em seu encanto. Me encanto em sua perdição.
Sinto o gosto de sua boca. Sinto uma infinidade por você.
Suas segundas palavras seguraram minhas primeiras lágrimas. Só você não viu.
A distância não apaga, não une, não destrói. Mas ela adia.
Só você pode me manter na espera. Só você pode o quiser.
Existe um momento certo para as pessoas certas. Você existe para mim.
Não pode ser em vão algo tão de verdade. Tenha certeza que não será.
Sem você eu sofro, eu choro, eu grito. Tudo do meu jeito.
Quando puder, permitir, entender... eu vou te amar.

Simples

Com o queixo confortavelmente depositado sobre o mármore da janela, e os olhos limitados pela tela verde protetora, eu pude ver aquela cena com os olhos do coração. Minha casa tem o cheiro inigualável e único da minha casa. O barulho causado pelos pingos fortes da chuva inesperada também só se faz por este telhado. Logo ali, depois da barreira, a maior figura representativa do amor. Logo aqui, a sensação mais significativa de paz. Quantas outras inúmeras vezes essa cena se repetiu diante de mim. Muitas delas despercebidas e outras tantas nem mencionadas. Nenhum outro amor me tirará esse espírito, nem me fará esquecer do conforto da simplicidade. Por que o melhor da vida vem do simples e o maior dos amores não se conquista.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Primaveras e Visões

Peço aos gritos, à algum leitor perdido por essas linhas, que caso possa, me ajude a entender o que aconteceu com os meus olhos. As quatro estações não pareciam tão nítidas para mim, até infinitos 2 segundos atrás. Me surpreendi também, quando após aquele piscar renovador, começei enxergar os sertões um pouco mais secos, com um punhado a mais de animais suavemente se decompondo ao lado daquelas gretas grotescas do chão desanimador.
O que mais meus olhos enganados e enganantes não conseguiam ver? Quantas outras poucas ou tantas estações ainda restam para eu atravessar? Depois disso, tenho aqui abaixo do peito, aquela sensação fria, de medo inocente e assasino, que não é comum em meninos inocentes e assassinos como eu. Será agora tudo novo ou será apenas que eu nunca havia me enxergado? Primaveras e verões, eu e você.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Primeira

Tantas vezes eu quiz escrever o poema certo e cantar a cancão que mais fazia sucesso. Outras tantas vezes eu saí de casa pensando no possível milagre de logo, do outro lado, encontrar o amor de todas as minhas vidas. Foram várias noites que eu rezei por motivos que nem me lembro mais, que olhei pela janela apática e não vi nenhum horizonte, que me deitei na cama e imaginei vocês por todo meu corpo. Inúmeros olhares coloquei sobre o relógio à espera de algo totalmente novo. Infinitos passos dei nas mais variadas velocidades, apenas querendo vencer aquela curva excitante da esquina e nem mesmo me lembrei da beleza tão simples das longas retas. Foram muitas criativas vezes que fiz as mais criativas e óbvias coisas, mas essa é a primeira vez, que sozinho nesse quarto, com as teclas aos meus dedos, não tenho inspiração nenhuma para escrever aqueles antigos poemas tão meus.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Por um fio

Quem vê esse rasgo de firmeza, de certezas e de solidificação, não pode imaginar a dúvida constante que nos faz balbuciar. Quando parece estar tudo nos conformes, exatamente como rege as regras da vida, nossos passos parecem dar uma leve e proposital desequilibrada, e então sinto que estamos por um fio. Nas situações em que nossos olhares, tão próximos, resolvem se examinar com cuidado, ficamos a revesar a atitude, quase que necessária, de hesitar. Depois de minutos incríveis parados no tempo deixando-nos corroer pela cruel dúvida de atirar ou não, entregamo-nos na tão fácil e antiga atitude de desviar: a arma, as palavras e o olhar. Já sua mão honesta que me tocou, não parecia ser morada de receio nenhum. E assim, pela trilha, seguimos a caminhar. Talvez com eternas dúvidas, talvez com eternas certezas carregadas no olhar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Saudade

Nunca havia sentido seu rosto tão de perto. Nem você nunca tinha tocado o meu com sua tão incrédula mão. Mas sempre há tempo para novas sensações e novas intensidades. Desejo cegamente que o tempo afaste seus braços de mim e que eu nunca mais seja forçado a sentir a força do seu repugnante beijo. Espero piamente que você perca meu endereço, que esqueça a minha imagem e nem seja capaz de reconhecer meu cheiro. A cada manhã deixo uma carta de despedida com seu nome sobre a mesa da nossa cozinha. E mesmo assim você não se vai. Já não me destruo por sua conta, nem me desespero com sua presença, no entanto, não te amo e tudo o que mais quero é ver sua partida e deixar escapar por entre meus lábios escancarados um liberto adeus.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A 3

Simples noite, que eu nunca vi tão simples. Céu estrelado e ofuscado pelas poucas luzes da cidade distante do grande. Paralelos pouco paralelos, mas resistentes a evolução e ao modernismo. Silêncio quebrado apenas pelos espirros espalmados e escandalosos do homem da madrugada. Escandalosos também eram nossos sorrisos pelo meio exato da rua, sobre as calçadas e as margens da praça. Aliás, por aqui, não é preciso muito esforço para fazer de algo um escândalo. Mas foi tão calmo, tão espontâneo, tão casual. O tempo, que consegue bravamente polir os paralelos do início desde, consegue fazer com que nós, mesmos isolados geo-sentimentalmente, permaneçamos muito parecidos com o que éramos antes e que mesmo quando o objetivo é lançar na roda as mudanças tecidas, o jeito de desenrolar a narrativa não consegue ser tão distinta. Que bom que é assim. Que bom que eu sei que é pra vida toda. Que bom que o tempo nos permite.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Correspondência

Vento leve, que toca minhas palavras, apelidado pelo último poeta, de brisa, e que desfaz os limites propostos pelo litoral, leve até meu amor essas minhas palavras de paixão, um pedacinho dessa minha saudade e uma medida certa do meu perfume.
Águas límpidas transparentes, que escorrem pelas beiradas dessa natureza construindo seu percurso próprio e finito ao mar, escoe até meu amor um pouquinho de minha poesia e minhas palavras embriagadas de tanto sentimento.
Folhas desvirginadas desse meu caderno com linhas azuis anis, guardai sinceramente as palavras que a vós confio, sem desvio ou descrença, sem maldade ou exagero, e entregue um dia, aos olhos recém-chegados do meu amor, sem deixar de se esquivar das lágrimas que possam lhe atingir.
Tempo, fazei com que lhe haja, para que todo meu esforço não se perca em si.

sábado, 3 de janeiro de 2009

No Ponto

Se o tempo é novo, eu continuo o velho. Meus sonhos ainda são os mesmos, meu dom não mudou, minha voz ainda canta feliz sem parar, minha pele continua branca e meus cabelos negros encaracolados. Há quem diz que eu continuo bonito, mas eu acho que eu continuo exótico. Ainda escrevo poesias que tocam seu coração, tomo banho no chuveiro e vejo a sujeira da minha alma escorrer pelo ralo, sorrio pra todo mundo que merece esse brinde e ainda amo meus amigos. Continuo desejando mais de você: mais beijo, mais voz, mais gemido, mais líquido, mais carinho, mais presença, mais amor. Ascendo e apago. Entro e fecho. Crio e destruo. Realmente, aqui nada é novo, mas tudo é do jeito de deve ser.

Neo

Eu fechei os olhos, senti uns abraços fortes, ouvi o barulho de uma tampa indo pro ar e quando me dei conta, era ano novo. Pra eles, não pra mim. Para mim cada dia é dia novo, sem marcações, sem delimitações, sem datas certas. Eu sou assim: sem marcações, sem delimitações, sem datas certas pra ser feliz. Meus sonhos não podem esperar uma virada de ano pra começarem realizar. Nem tenho paciência pra esperar um ano inteiro e somente então desejar aos meus amigos a tão velha falsa saúde e aquela mecânica paz. Pra mim é tudo novo, em todos os dias e em cada começo. E eu sempre recomeço: sem medo, sem desespero, sem desprezo. A vida tem que ser um eterno ano novo, com fogos, sonhos, declarações, lágrimas, encontros e felicitações. Pobre daquele que vive o passado de um tempo passado, ou a tentativa frustada de um presente similar àquele que já se foi. Se pela primeira vez ou de novo, o que realmente importa é ser novo!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Entrelinhas

Será que você sabe quanto custa o valor infinito de uma lágrima que desaba de meu olho desonesto? Será que você tem noção de quantos passos eu tive que dar debaixo daquele sol escaldante para ter o direito de somente então colocar minha língua virgem naquela água com gosto de fonte de vida? Será mesmo que você é capaz de ver diante do espelho o reflexo quase real do futuro faraônico que está parado atrás daquela montanha, só esperando a triunfante chegada de seu dono? Acho que você não é capaz nem de perceber quem mora atrás de sua própria pele sem gosto e, talvez, nunca entenda a constituição do solo que conseguiste tão facilmente lançar suas pegadas. Enquanto precisar de mim eu estarei aqui, pronto pra te ajudar. Mas do meu jeito e com a minha poesia. Pelo correr dos últimos parágrafos é tudo que eu posso, para ti, escrever.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desabafo musical

Hoje eu acordei logo cedo com a luz do sol esbofetando meu rosto e meus olhos sangrando de tanto sono, e me joguei sem medo no desafio de mais um último dia. Mas não é sobre isso que venho falar. Quero a vocês, meus caros, narrar o fato de hoje eu não ter cantado nenhuma canção. Hoje eu abri a razão e os ouvidos e ouvi tudo aquilo que antes eu parecia não ouvir. Eu tentava cantar, mas eu não conseguia. Hoje eu me senti como se eu tivesse nascido para ouvir, como um dom que me cobre. Tudo bem... grande exagero eu coloquei nessas últimas palavras. Na verdade, eu cantei, sim. Mas cantei num volume tão baixo, que nem eu mesmo as vezes não conseguia ouvir. Cantei para que nem meus próprios lábios pudessem me ouvir. Cantei canções de letras não permitidas e de melodias que matariam qualquer um. Cantei sozinho no ônibus e durante a prova, mas foi no caminho do supermercado, enquanto eu imaginava a vida sem canções, que eu tive o prazer de passar ao lado de uma senhora de cabelos longos e ao vento, que cantava tão sem vergonha, num volume tão alto, de forma tão espotânea, que deixava nítida a expressão de liberdade. Um dia eu quero cantar tão alto quanto aquela mulher. Um dia, nas ruas, não mais vou andar, somente cantar. Por que quem canta, sabe sim o que é sentimento e entende a problemática das letras sem son da vida de cada cantor.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Luz!!!

Antigamente eu achava que o mundo era dos ousados, mas não. O mundo na verdade é dos iluminados. Luz é assim, quem tem, tem. Quem não tem, nada pode fazer. E não há prêmio sedutor acumulado na Mega, nem rostinho bonito no vai-vem da passarela que consiga fazer brilhar aquela pessoa apagada por vocação. A luz, não sei de onde vem, mas vem numa intensidade, que ninguém consegue abafar. Feliz daqueles que possuem luz própria. Feliz daqueles que tem por porto alguém com luz própria. Feliz daqueles que sabem usar sua luz própria. E o mundo segue assim, escancarando portas para os iluminados, procurando desesperadamente pessoas com essa característica e se entregando a irreverência e dom daqueles que, por vontade divina, só sabem brilhar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Setas...

E agora, o que fazer com meu olhar perdido diante de tamanha confusão de meus pés sem rumos estacionados nessa encruzilhada que me conduz a tantos caminhos? O que resta fazer com tanto medo e tanto anseio? De todos, não tenho o dom da certeza. Só, sozinho e solitário. Magro, mago e mágico. Em quais pedras colocar meus pés, ou será que terei a chance de pisar naquela pedra que eu mesmo desejar? E eu sinto que o tempo está chegando. E eu sinto que sinto medo. E tudo o que sempre sentí foi um sonho latente de estar lá e aqui, e em todos os lugares. E o tempo... sei que se aproxima!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Diferente

Um dia, em algum lugar dessa dimensão, alguém, por um motivo muito forte resolveu exercer essa obra de criação. Junto, traçou linhas num papel cremoso com um lápis de cor azul e definiu para sempre aquilo que mais tarde seria chamado de destino. Uma luz lançou desmedidamente sobre. Depois vieram o olhar, o olhar, o sorriso e a mão de um punho forte. Deu-lhe um sopro e fez-se o dom. O dom de algo tão especial quanto óbvio, algo capaz de ser observado a inúmeras linhas do final de uma poesia.
E fez-se... E farar-se... E ninguém fará igual...

Foi?

O que foi isso que por mim passou e fez os pêlos do meu braço delirarem e meus olhos tão obedientes se conterem? Não sei se tem mais aqui dentro, ou se corre mais perdido lá pelo lado de fora. Nem sei... E tanta coisa, que tanta gente não sabe. Inclusive você. Quantas cartas de amor feitas num momento de inspiração e que não levam nem o perfume da última lágrima seca. Tantas palavras, gestos e beijos jogados ao aleatório ar e destinados sempre ao mesmo ninguém. Sabia que ainda me lembro do seu último semi-olhar sobre o meu? Mas não se preocupe, de vez em quando pássaros do sul resolvem descançar e até as ondas dos oceanos resolvem se dissipar nas areias branquinhas das praias tão litorâneas. Nem tudo é o que exatamente se vê, nem tudo é como aquilo que parece parecer e nem todos são esse crital que me faço. E depois de me ouvir, se quiser, olhe sempre para os lados.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Espírito meu

E num instante qualquer eu apenas solto um mortal grito, rasgo minhas roupas brancas, rompo todas as algemas que se prendem ao meu corpo, abro as asas numa quebra ímpeta da estagnação do ar e vôo. Soltem as grades da prisão e deixem que as chaves dancem harmonicamente com o peso angustiante dos cadeados. Quebrem os tijolos de aço que ostentam essas paredes infelizes. Tirem as mãos de mim e apenas contemplem meu voar desgovernado pelos ares da libertade em chamas ardentes da intensa vida. Não chorem caso eu nunca volte, nem percam tempo debulhados em esperanças vãs de um honroso retorno. Nunca fui sei, nem nunca fui deles. Na verdade eu sou do ar, e somente aqui, eu posso realmente viver.

domingo, 26 de outubro de 2008

Manhãs de sol

Rosas vermelhas molhadas despetaladas, sujas com a inocência do mal-me-quer. Sangue a correr pelo chão, páginas riscadas do folclórico diário que já não guarda toda a verdade dos modernos tempos. Pípulas de remédio, veneno e droga espalhadas entre as páginas de um livro em branco, prestes a ser constantemente preenchido. Uma música enigmática ao fundo, e mais ao fundo um silêncio revelador. Dores de todas as cores e formatos, penduradas por todas as paredes e janelas do incômodo cômodo. E a luz da vela se desfaz no clarão do dia e se perde a agonia ao renascer sem preceitos e doutrinas. Tudo passado e outra vez passado. Agora arquiteta-se paredes limpas e páginas escritas, meninas perdidas e livres melodias sem letras. Sempre disposto, eis aqui o poder do novo, de novo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fuga

Me tirem daqui e não deixem nem os restos das minhas roupas lançadas sobre as grades. Me levem daqui com todo meu perfume e todas as palavras febrís que deixei inpreginadas nas paredes desse lugar. Corram comigo nos braços e me deixem num lugar muito distante do ponto final do penhasco, e me deixem só, com os restos das minhas roupas que ficavam nas grades, o meu perfume e as palavras que sempre inpregnei as paredes daquele lugar. Preciso de mim para pensar, preciso que eu me ouça, preciso do meu silêncio e dos meus gritos internos. Corram para longe, não queiram ouvir meus segredos, não desejem me conhecer. Mas antes... tirem-me daqui!

Transparente

Quando me prosto ao chão e fecho meus olhos, Deus fala comigo. Daqui de dentro Ele vê tudo, de tudo sabe, conhece tudo. Daqui de dentro não preciso nem falar, e ouço, atenciosamente, a voz firme Dele. Toda vez que fico assim com Deus eu choro: de emoção, de alegria, de conforto, de medo do pecado. E Deus novamente fala, e de vez em quando, sussura ao pé do meu coração. A voz Dele se parece com um abraço de mãe, com um beijo de namorada, com um carinho de amigo, com um sorriso de criança. E quando Deus fala, eu só ouço, e choro, e fico ali, parado diante do Todo Poderoso, sentindo a força que só vem Dele. E quando Deus fala, minha vida toma rumo e brota das cinzas um novo ser. Toda vez que Deus fala eu fico transparente.

domingo, 19 de outubro de 2008

"Prévico"

Está muito próximo e ninguém nem pensa nisso. Eu vejo as folhas se movimentarem, eu sinto o ar bater covardemente na minha face, eu percebo as ondas AM do rádio vibrarem um pouco estranhas, quase que num tom de alerta. Não me chamo profeta, mas fui o escolhido para anunciar. E eu vejo, e parece que só eu vejo. Mas o pior é que eu sinto, todo o tempo, todo... Até minha respiração parece me dizer, até o balé dos dedos do meu pé parecem dizer, até minha imagem no espelho diz. E nem tenho como avisar. Não há palavras para explicar isso. Não há pessoas para entender isso. Não há nada como isso em toda história. Em todo caso, quando acontecer, a mim não pegará de surpresa. E se alguém comentar algo sobre, terei a leveza na consciência de que eu já sabia e que nada podia. Vai vir, vai chegar, vai acontecer... e nada poderá isso mudar!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Resquícios do Bem

Anjos... criaturas especiais portadoras de coração bom que chegam na hora e no momento certo para ajudar a quem precisa. Pelas ruas movimentadas e ritmisadas, misturados a mera multidão, ainda existem alguns desses. Soldados do bem, capazes de fazê-lo sem olhar a quem. As vezes místicos, as vezes repetinos, as vezes amigos. Reze por um amigo. Perceba o repentino. E deixe-se ser entendido por um místico. Sabia que anjos existem? E eles podem trabalhar na padaria da esquina, ter feito faculdade de cinema ou lhe aguardar no hospital que carece de saúde. Mas estão sempre a postos, esperando um aviso do cel. Anjos realmente, existem! E nunca deixe que um saia da sua vida, e nunca deixe que um se vá sem seu "obrigado" e nunca deixe de acreditar que eles estão por perto. Por favor, acreditem em minha experiência de poeta, eu garanto a vocês: Anjos existem!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Liberto

Misture seu olhar perdido com minhas palavras desgovernadas e se entregue ao prazer quase que carnal de romper os portões do mundo sem nenhuma direção prevista. Deslize sua mão virgem sobre meus braços cansados e seja capaz de não fechar os olhos e delirar pecaminosamente. Cante mais alto do que os meus gemidos, pule mais alto do que tudo que sai de mim e mescle o possível com o impróprio, o duvidoso com o proibido. Permita-se permitir fazer tudo aquilo que ningém permite, e deixe que minhas poesias conduzam seus pensamentos inebriados por um mundo quase novo, e quase morto e desesperadamente perdido. Solte-se e veja o sol. Funda-se e seja híbrido. Crave, grave e trate de ser assim e ainda ser feliz!

sábado, 11 de outubro de 2008

Inspira-me

Poemas nem sempre são desabafos e nem sempre falam de mim. As vezes eu falo neles sobre você e ninguém percebe. Outras vezes eu falo neles para você e nem você percebe. Inspiro-me a todo instante e em qualquer lugar para falar de amor, de tempo ou da minha revolta diante de um comportamento ameno. Só não posso é deixar de me inspirar. E nem me falta inspiração: a menina que vi pela janela do ônibus, o idiota que atravessava a faixa de pedestre ou que não parou para mim na faixa de pedestre, o bom dia que ganhei quando eu nem esperava um olhar, o olhar que ofereci e que não foi retribuído, ou tudo aquilo que mexe ou não comigo. A inspiração as vezes vem de fora e as vezes de dentro. E quando não vem eu poetizo sobre o fato de não haver inspiração. Pois é... quando você ler um poema meu, tenha cuidado, posso estar falando sobre você, para você ou nem pensando em você. Mas torça, para que tenha o privilégio de se tornar imortal em minhas palavras.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

( )

Tão distante ainda está o son do meio dia.
Eu, sentado em uma sólida cadeira, vivendo um sono profundo, numa aula vazia.
Entre um sonho e outro, relances reais de agronomia.
Até a hora da partida, debruçado-me-ei de ficar na melancolia do dia, da aula vazia, da agronomia.

Você a flor da minha pele

Infame sou quando me esforço para não apenas pensar em você. Sinto sua dor em minhas lágrimas e sinto seu cheiro a me abraçar. Invades minha vida e meus pensamentos e brincas com meus olhos como se mais nada corresse ao nosso redor. O que tenho em meus braços é a sede do teu corpo e nos meus olhos é a sede da tua boca e na minha boca a sede das tuas palavras diretamente nas minhas. Sou quase todo seu e quase te tenho completamente. Sou livre para voar, mas graça alguma tem sem você por perto. E você nunca está por perto e você nunca me beija na hora certa e você nunca sai de mim.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Rapidinho...

Nessa última década eu percebi que ando muito apressado. Faço tudo mais rápido e mais corrido. Tenho presa em chegar a universidade e de sair dela, em gastar meu salário, em comer o pacote de biscoite e até em terminar meus namoros. Por conta dessa pressa desenfreada, encurtei meus poemas, me masturbo mais rápido, tenho menos amigos, sorrio menos e nem aquele velho tempo que sempre tive para me inscrever em todas as edições do BBB, já não tenho mais. Meu carro anda muito mais rápido e eu canto somente os refrões das minhas canções preferidas. Só tenho gozado uma vez e nunca há tempo para eu colocar a camisinha. Acho que até meu coração tem ficado mais acelerado. Pois é, tudo tão rápido, tão veloz. Não sei se sou eu, se é o mundo ou se foi essa última década. Mas que eu ando mais apressado, isso eu ando!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

10''

O meu tempo é tão compassado quanto os ponteiros do relógio, que por coincidência, ousam em marcar meu próprio tempo. Os segundos que me prendem em seu olhar são bem mais duradouros do que os 10 que fico perdidamente a lhe abraçar. Já o beijo que eu te oferto a cada manhã, dura muito mais que 10 segundos. E é nesse tempo que eu mudo de direção e me perco no sentido contrário do meu relógio desgovernado.
Tudo que eu preciso é de 10 segundos para me refazer, lhe fazer feliz e improvisar as notas principais daquela velha canção. Mas tudo o que mais desejo são apenas míseros 10 segundos, capazes suficientes de me fazer viver eternamente esse nosso tempo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Enigmático Mundo

Tudo indefinido e tudo perdido. O mundo gira e eu fico aqui parado, melado e molhado. Tudo levemente obscuro, palavras no muro, pouco barulho, enormes buracos e pequenos furos. Indecisão sobre a razão de ser essa reação diante de tamanha confusão que vai da televisão até o meu coração. Poesia tão vazia que antigamente não se fazia e nem se via jogada sobre a pia da Dona de Casa chamada Maria que sempre se escondia mas que agora alumia. Percebe o desespero que vejo pelos corredores sem asulejo onde todos cheiram queijo e nunca se sabe se o futuro será o mesmo? O que há com as voltas minguantes do Planeta Terra que aos gritos berra e nunca acerta a resposta correta das questões mais incertas e abertas indicadas por uma grande seta? São tantas confusões e tantas abstrações que até as rimas não conseguem mais rimar e até as vidas não conseguem mais executar e tudo o que coloca-se à mesa é somente a sobremesa de um texto sem proesa e uma canção sem maestria.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Centralizado

Lábios com os cantos molhados.
Língua sedenta de outra língua.
Corpo seco de tantos desejos.
Um olhar capaz de acariciar e uma boca capaz de despir.
Lobo e cordeiro.
Menino e homem.
Mente que exala vontades e pele que transpira idéias.
Palavras molhadas numa poesia desvairada.
Sano e louco.
Meu nome é Poeta e o prazer, faço questão que seja todo seu.

Um toque

Engana-se quem pensa que já leu todos os livros e todos os meus poemas, nem mesmo meus olhares você é capaz de ler. Aquem é aquele que sem medida ou noção alguma constrói na velocidade da luz uma relação que seria para a vida toda. Joguei meus búsios, minhas cartas de tarô, minhas cartas de baralho e minhas cartas de amor, e tudo o que eu vi foi um fim, tão próximo do começo e tão distante de tudo que planeja-se viver. Acredita-se que depois de um nascer do sol tudo vai se resolver e o dia será novamente novo, e vocês novamente tolos. Só quem não é tão esperto e sutil quanto um autor de poemas não consegue enxergar que a vida é um pouco mais complexa quando passa pelos outros e que desenganos fazem parte da voracidade de qualquer relação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Clamor

Pedi a Deus para que cuidasse de você e que não te deixasse olhar pro lado esquerdo, nem apontar com a mão direita, nem abandonar aquilo que você diz piamente amar. Pedi a Deus que nunca mais deixasse você não existir, não reagir e não esconder aquelas velhas garrafas. Pedi a Deus que você mantivesse a certeza no caminho e a insegurança no olhar, mas nunca se desfizesse de nenhum dos seus mapas. Pedi mais uma vez a Deus para que lhe permita concluir suas idéias, que não ignore o poder da gravidade e que nunca se esqueça de todas as meninas pagãs que passaram por sua breve vida. Mas agradeci a Deus por ter havido tempo de escrever para você e de lhe conferir meus singelos conselhos de poeta desperdiçado, perdido nas orações e no desejo insano de desmedidamente pedir a Deus.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pra você...

Eu queria ter você em meu horizonte pra sempre e somente nas manhãs que houvessem nascer do sol, tocar, incontrolavelmente, sua boca. Mas eu queria ter olhado pros seus olhos e lhe ter dito adeus de cabeça erguida. Nunca mais me deixe sem notícias, nunca mais me deixe te procurando e nunca mais me deixe aqui sozinho a te esperar. Meus passos eram contrários e seu cheiro ainda era em mim. Podia te sentir e não podia te deixar. E quando você voltar a escrever aqueles poemas com meu nome e aquelas cartas em papéis brancos, por favor, não deixe que suas lágrimas borrem a caligrafia e que seu perfume venha junto com as palavras. Assim fica mais fácil de te esquecer.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Talvez desculpas... talvez amor...

E qual seria o ritmo da minha canção sem o som sincero que emana de meus amigos? E quantas tantas sofridas vezes meu coração poderia suportar a dor e o cansaço em ter que pulsar sempre, sem nunca parar e sem nunca se demonstrar cansado? Para quem eu iria escrever e para quem eu iria desejar bom dia, se no caminho meu não houvessem pegadas também de outros pés? Eu juro pela minha mão direita, que o mundo teria outra cor, a carne outro sabor e as plantas uma outra forma de viverem. Sem meus amigos eu seria apenas meu egoísmo. Sem meus erros eu seria apenas meus medos. Que do outro lado da ponte sempre esteja alguém a dedilhar no violão meu nome e que no meu sorriso sempre esteja desenhado a veracidade de qualquer sentimento súpero. E que por todas as outras vezes em que eu me tornar poeta errante eu seja tão verdadeiro e honesto quanto me faço a esse discorrer. É a psicologia da vida, do equívoco e da amizade! É a força que une sem saber o porquê!

Juras

Eu jurei que nunca mais iria escrever uma carta de amor tendo você como destino e inspiração. Eu fiz tantas juras que nunca poderei cumprir, eu amei tantas vezes, tantas pessoas que eu jamais poderei deixar de amar. Eu sofri por tantos amores que eu nunca vou poder esquecer. Jurei cantar e não cantar canções por infinitos motivos. Jurei ser feliz e jurei acreditar que nunca mais eu iria fazer nenhuma jura.

Revolta e preocupação

É ridícula sua falta de coragem e de amor por você mesma. É ridículo quando você grita no vazio do telefone palavras vazias que representam todo amor que lhe é entregue. É ridícula a forma que você se humilha aos pés da escada clamando por um pedaço de pão. Daqui meia hora o mundo pode acabar e você terminar seus dias estagnadas no medo profano de não mudar. Daqui meia hora você pode mudar para pior ou simplesmente continuar sentada no primeiro degrau. Não existem palavras sérias, não existe compromisso sério, não existe conversa séria, quando não há seriedade em seu olhar. Desista, ou então recomece. Não haverá trabalho algum em desfazer uma aliança sem força. A sociedade não irá perceber caso você ande na contra mão. Nunca mais quero ouvir seus gritos e seus gemidos, nem bater na sua face. Não mais me incomode com seu indigesto comodismo. Silencie-se ou aja!

Mapa

Acredite que eu sou o melhor daquilo que há em você. Deixe-se acreditar que nunca vamos dizer “não” e que em todas as manhãs somente eu irei te dizer “bom dia” com um sorriso afável nos lábios pecaminosos. Deixe a melodia correr contra o tempo e a água percorrer as pedras do nosso caminho. Ouça a canção que toca meu coração e me leva a você. Sinta minha presença no seu peito de amor e aceite meu olhar sobre o seu a dizer tudo aquilo que nunca te disse. Permita que eu entre em seu quarto e em sua vida. Não se desfaça de nenhuma idéia do passado, nem troque seus calçados. Leia, por favor, meus poemas diariamente, e descubra sempre que você está em mim. Faça tudo o que quiser fazer, mas não se esqueça de minha dor. E por fim, me deixe te amar, solitário e sossegado, da janela do meu quarto.

Corpo vago

Seu corpo modelo, é somente modelo da fraqueza gritante da sua alma e do seu vocabulário. Veja seu comportamento, veja suas palavras, veja sua educação, veja suas idéias e para que você não entre em crise profunda, por favor, fique vendo somente o seu corpo. Teatro do capitalismo. Encanação da mídia. Objeto de prazer de quem pagar mais num leilão comprado e posto à mesa. Isso é você e assim é seu corpo. Você, aliás, é apenas seu corpo. Já minhas idéias... Não vendo medidas, não compro moda e não olho pra sua pele desbotada. No meu recanto, rezo incessantemente, para que uma luz brilhe nos seus olhos, que sua mente se abra para um mundo real, que você saia da vitrine e que sua cabeça seja inserida no restante do seu corpo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Frágil cansaço

Não espero por um sorriso seu, nem penso no sabor doce do seu possível beijo. Tenho medo de perder, de afastar, de ausentar e de ficar louco. Tenho medo de que o pra sempre acabe e mais medo ainda de ter medo pra sempre. Sempre é forte demais para os momentos tão rápidos e fantasiosos. Agora varo a noite pensando nas músicas nostálgicas que vêm do rádio e sentindo as dores mansas percorrem cada músculo do meu corpo destilado. Condenso o brilho dos meus olhos aos momentos de sorrisos meninos, entre meninos moleques e mentes infantis. Amanheço e durmo pra que um novo dia comece repentinamente.

Divinos fatos

Quão feliz e agraciado estou com a vontade certeira Daquele que nunca falha, nem nunca diz claro o que quer de mim e de você. Nem o grande livro profetizava que a ciência embriagada seria tão eficaz e rápida. Decisões outrora misteriosas que revela-se suntuosamente e brandamente a meia luz do olhar grande de qualquer criança. Pensamentos, idéias, desvarios sanos e loucos de um pequeno alquimista que tentava descobrir o futuro e conformava-se em enigmatizar os nasceres do sol incandescente de tanto brilho e vida. Deixe-se levar e acreditar na certeza tão certa do Arquiteto da vida e da verdadeira obra perfeita que vai construindo sobre os casos dos acasos e sinta a presença Dele atingir seu peito e relembrar alto que a vida é feita da vontade Divina.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Posse

Quero um pouco mais que horizontes planos ou levemente ondulados, nunvens azuis e árvores simplesmente verdes. Chega de apenas canções vazias e ritmos alegres, chega de melancolia e de pastagens para os veteranos. Não quero ter apenas seus olhos, nem apenas uma moeda, nem apenas a saudade. Sentimentos, livros, palavras, toques e desvaneios, venham! Vou desligar a luz, o sol, o son, as ondas do mar e as do ar e quero ouvir somente o silêncio da gota d'água que bate contra a parede oposta a do meu quarto. Chega de verdades e de mentiras e de olhares e de poesias. Quero um pouco mais de tudo e quero você em tudo que eu tiver. Quero ser feliz e viver. Quero viver e se der certo, ser feliz!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como antes

Tão perto como a onda da areia e tão distante de mim. É como se meus olhos te tocassem, mas minhas mãos não pudessem te ver. Algo perdido no tempo e na razão que parece apenas ter razão quando se encontra refúgio nas palavras frágeis e seguras da poesia em melancolia ou saudade, dos livros que eu mesmo escrevo todas as vezes que te vejo. Parece que ainda me lembro quando os pássaros voaram daquela torre lá no alto e que as andorinhas avisaram que o verão chegava. Era noite e com o teu abraço eu ouvia uma canção que somente eu podia ouvir. Onde foi que as palavras erraram? Por qual caminho eu não percorri? Feliz das manhãs que serão suas e felizes os pássaros que cantarão apenas para você. E as maçãs que você comer, o ar que você converter e a poesia que você cantar, todas felizes. O tempo se refez em minha vida e repetiu na sua aquilo que fora ocorrido em outro tom e em outra melodia. A torre não está mais aqui e as aves não voam. Só vejo algo rolar do meu olhar e o teu olhar se desviar do meu. Não sei se você está na minha poesia ou se você está em mim. Só resta acreditar que algum elemento inóspito do futuro será diferente e que músicas não serão poesias e que dores não serão lamentos e que amores serão reais.
Não consigo falar de amor olhando pros teus olhos.
Não consigo falar olhando pros teus olhos.
Não consigo nem respirar olhando pros teus olhos.

Carta de amor

Quando você for, caso tenha coragem, olhe para trás e me diga adeus. E se for capaz não deixe essa lágrima do seu peito rolar sobre meu corpo. Depois que você for embora, não precisa mais me ligar, nem escrever nas paredes o meu nome. Não quero que me digam sobre você nem que pronunciem a primeira letra do seu nome. Aquela canção que tocava todas as noites ao som dos nossos beijos nunca mais vai soar, nem a batida ritmada do meu coração desonesto. Pelo seu caminho novos olhares hão de brilhar e você há de ser feliz em alguma esquina da grande avenida. Eu vou estar aqui recuperando da dor de não mais poder amar e não mais viver. E se um dia você se arrepender, grite, mais alto que minha dor e peça perdão pelos nossos pecados. E se for capaz, ame de novo.

Pseudo-juventude

Perdidos no tempo e no espaço da física. Uma geração inteira que chora quando o casal da novela se entrega a aquele beijo ensaiado e sem vida. Todos bebem coca cola e todos querem ser iguais ao garoto do carro preto. Uma geração perdida na imensidão do capitalismo amoroso e dos desvarios sombrios das mentiras amargas de cada comercial do horário nobre. Sem muita expectativa de vida e de crescimento para a maturidade e maternidade dessas meninas cor de rosa e desses meninos bonés para trás. Mentes para trás, pés para trás, vidas para trás, olhares sempre para trás. Mais uma geração entregue ao sabor doce das drogas e da vida fácil das salas de aula sem vida. Parece que nunca vai mudar, parece que já chegou ao fim. Memórias póstumas de uma geração corrupta e sufocada que grita e pede ajuda, mas que canta funk e se diz rebelde. Tudo o que eles querem é ser coloridos e nem conseguem enxergar que o verde da Amazônia é muito mais vivo que o rosa choque das capas de cadernos. Isso não é revolução, nem mudança, nem geração e é uma pena que seja nossa juventude.

Quebra- vento

Não era pra ser assim. Não era dessa forma que tudo estava escrito no grande livro. Nem o destino poderia imaginar que o rio fizesse esse percurso. Voltas e voltas da vida e do mundo. Malabares do tempo com vidas inocentes e decididas. Planos e projetos por terra. Não precisava ser tão diferente. Nem precisava ter mudado. E agora a vida descontrolada sai em disparada pelos trilhos falhos do trem das seis e nem ao menos se sabe quando poderá ter-se uma parada. Mudou-se o mapa, as datas e as chaves. Mudou-se tudo e só ficou a insegurança do novo.

Batismo

Nesse banho eu quero lavar o corpo e a alma. Junto à água fria da noite ensolarada quero sentir escorrer o peso amargo dessa dor que cobre essa pele cansada. Depois desse banho eu quero ser outro corpo e ver a vida de uma outra forma e poder sonhar sem temer, desacreditar e recomeçar, e ter certeza de que tudo não passou de um engano. Depois do banho eu vou passar a ser mais racional e escrever menos, vou ser mais duro e mais rápido. Depois do banho eu só quero ser feliz.

Destituído

Eu sou forte e não choro, não peço desculpa e não amo. Eu sou seco e duro, e não me deixo sentir qualquer sentimento. As vezes me acho uma pedra, as vezes me acho um rochedo. As vezes tenho medo de mim e as vezes nem quero ser eu. Sei guardar, sei mentir e sei falar exatamente o que você quer ouvir. Sou perigoso. Sou humano. Não acredito nos sorrisos e nos milagres, muito menos no amor. Não sorrio, não faço milagres e não me deixo amar. Derrubo para eu mesmo construir. Sou egoísta. Sou a marca viva de imensas cicatrizes e dores que escorreram e lapidaram até eu me tornar ferozmente, eu.

Mapa

Acredite que eu sou o melhor daquilo que há em você. Deixe-se acreditar que nunca vamos dizer “não” e que em todas as manhãs somente eu irei te dizer “bom dia” com um sorriso afável nos lábios pecaminosos. Deixe a melodia correr contra o tempo e a água percorrer as pedras do nosso caminho. Ouça a canção que toca meu coração e me leva à você. Sinta minha presença no seu peito de amor e aceite meu olhar sobre o seu a dizer tudo aquilo que nunca te disse. Permita que eu entre em seu quarto e em sua vida. Não se desfaça de nenhuma idéia do passado, nem troque seus calçados. Leia, por favor, meus poemas diariamente, e descubra sempre que você está em mim. Faça tudo o que quiser fazer, mas não se esqueça de minha dor. E por fim, me deixe te amar, solitário e sossegado, da janela do meu quarto.

Mistério das palavras

Tão estranho quanto a água doce que solve-se ao mar. Espírito metamórfico que evolui e regressa, mas que nunca deixa de estar em movimento pela nota musical que rege a canção. Calos de dor e intensa maldição perambulando pela angústia do clima ameno do fim dos fins de tardes. Nunca se soube se um dia se saberá o motivo de tantos sentimentos. Nem nunca se teve coragem de prever ou medir o tamanho das coisas que acontecem ao redor deles e ao redor do mundo. Por onde andam e o que fazem é o maior mistério de todos os tempos e por mais que algum desbravador de mares ouse criar uma história mirabolante e contrária, sempre haverá a dúvida da razão entrelaçada pela emoção de nunca ao certo se saber. O que dizem e o como agem é segredo mortal da seita inoculada no sangue de cada um. Nessa história toda somente uma coisa se repete e a noite desvairada vara mais uma madrugada ingênua a procura do príncipe de branco sobre o cavalo negro. Poemas da alma e tão tortuosos. Somente quem vive é capaz de entender.

Se foi

Por onde anda aquele velho e saudoso romantismo, e os sorrisos perdidos na falta de raciocínio dos amantes apaixonados? Quem mais vê a beleza imersa no vermelho encanto da rosa entregue as meninas inocentes das janelas em cada esquina? Poemas não mais têm autores, nem versos e nem rimas. Perdidos como o refrão sem canto e o doce sem receita. Aqueles olhares não trazem mais brilho e nem o hino soa com aquela beleza que somente então soava. As vezes acho que de tudo que passou só resta saudade ou quem sabe lembranças. As vezes acho que nada restou daqueles outros: tempos, nomes e amores. E as vezes, nem acho.

O pecado em mim

Quando eu vi aquele primeiro pedaço da maçã ser saboreado, pude sentir que o pecado pra sempre estaria comigo. Quando eu me deito, quando me levanto, quando seco minhas lágrimas e até mesmo quando peço perdão. Meus olhos não mais deixam de estarem vermelhos: de dor, das lágrimas e das noites sem sono debruçadas sobre meus ombros. Meus joelhos não mais esticam-se, permanecendo sempre sobre as dores propostas sobre o chão da penitência e do suor. Para a terra que vim, antes mesmo de voltar, entrego-me. Meu jejum é carnal e espiritual. Não mais como, não mais bebo, não mais canto e nem mais vejo a luz do sol, sobre as pequenas fendas da janela do quarto. Sinto a quaresma me invadir e purificar minha alma. Vã tentativa. Pecador infame, palavras infames, poemas vagos e vazios e não menos pecadores. E desde o primeiro pedaço da maçã, a cada nascer do sol um novo pedaço é ingerido e mais uma alma é perdida e mais um fim tem seu início. Pecadores de alma e pecadores de vidas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Sem você...

Ainda sinto seu perfume exalar sobre mim. Ainda tenho seus olhos nos meus e estes sobre sua boca. Ouço sua voz e sinto sua pele. Leio aquela velha carta de amor que você me enviou num momento de solidão e choro de saudade de suas palavras molhadas ao pé do meu ouvido. Você do meu lado e sempre junto de mim. Ouça nossa canção e deixe seu peito escorrer sobre o meu. Faça nosso tempo ou espere pelo nosso tempo, só não me deixe aqui sozinho, morrendo de amor.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Te descobri

Eu conheço teu corpo tão bem quanto o meu. E sei qual o gosto da sua saliva, a intensidade do brilho do teu olhar em cada situação e sei até o que você deseja quando me vê e se prende pra me dizer apenas “oi”. Eu conheço você e suas manias de ser sempre você, tão intensamente. Sei de todos seus projetos e fracassos. Sei muito bem qual é o seu ponto fraco e a palavra que você não gosta de ouvir. Conheço seus sonhos, suas senhas, suas dívidas, seus pecados e suas mentiras. Te conheço tão bem quanto a mim e é por isso que não fico perto de você e faço questão de sempre dizer “oi”. Acredito que te conheço até mais do que você mesmo.

Velho Ano Novo

Corações e olhares separados pela distância de um ano que foi novo e se tornou velho. Distância lamentável de vida e sentimentos que urgem no caminho e instiga dor. Canções iguais que tocam em volumes e tonalidades tão diferentes, mas a saudade é a mesma. Saudade dolorida de quem foi e até então não voltou, de quem foi e ainda não voltou, do tempo que passou e os sorrisos desperdiçados, das profecias elaboradas e das brincadeiras lapidadas a meia luz. Saudades dos amigos unidos sem mim e dos amigos solitários tão distantes de mim. Na vela acessa sobre a mesa da cozinha vejo brilhar fulminante a tão simples e singela chama da esperança de renovação em um ano novo qualquer que como todos os outros vem trazer o espírito de mudança e vitórias, mesmo que seja em apenas um dia. Ainda me recordo dos álbuns de fotografia e das vozes gravadas em cada figura. Ainda me recordo do Natal e do mecânico “Feliz”. Depois do ano novo, a saudade do ano velho e de todos os outros que estávamos todos reunidos. Só resta agora acreditar que tudo será diferente um dia e que o ano novo será sempre feliz...

Encontro Incompleto

Passagens e momentos, conversas e sentidos, sentimentos e luzes em meio as recordações saudosas de almas que se foram e que não tão cedo voltarão para conviver esse espírito santo de Natal. Lembranças e saudades remotas de pessoas tão importantes que nunca deixam de serem lembradas em momentos de felicidade e celebração. Lágrimas internas e amores perdidos, livros não lidos, pensamentos apenas em mente, corpos mutilados e gemidos de dor, de saudade e de medo. Nunca se pensou que o futuro fosse tão passado e que a distância fosse tão longe. Nem nunca se imaginou que a saudade fosse tão dolorida e que lágrimas fossem tão rápidas sobre a pele. Os diários choram, as almas recordam e os olhos também choram. É a vida que percorre o mundo no seu ritmo vertiginoso de despedidas e desencontros.

Segundas manhãs

Pássaros e canções percorrem o silêncio inércio da manhã perdida e cheia, de uma plena e vital segunda feira. O ar continua aqui, os móveis nunca saem do lugar, a janela que sempre permanece fechada e esses raios esperançosos de sol insistem em penetrar pelas lacunas e buracos estreitamente estreitos da janela, do teto e fechadura. O que faz esse edredom que nunca fica dobrado sobre a cama macia e sedosa? O que acontece com aquele tapete de uma cor extinta que lembra o branco e que nunca deixa a porta ficar livre, nem os pés absoletos, nem o chão transparente? Por onde andam os abajous lustrosos cobertos de cristal e ouro que deixavam pendurados bem ali ao fundo, quase que escondidos? A vida percorre a manhã e promete invadir com força a tarde e a noite e então se fará um sono tão profundo que encobrirá novamente a luz do sol e um dia revelará uma manhã fagueira em algum ponto desse universo paralelo. Enquanto isso, ainda posso ouvir o canto ensaiado dos pássaros e o silêncio inércio da manhã.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Eticamente ambicioso


Um olhar para frente e uma visão privilegiada de um vasto, sedutor e perigoso horizonte.
Uma sede corrosiva que impulsiona mecanicamente a física vontade de deixar a inércia e buscar o horizonte, os novos ares e a realização prazerosa dos sonhos e anseios construídos e arquitetados ao longo do trajeto.
De cada ponto que se consegue chegar e obter uma imagem abstrata do horizonte, tem-se concretizada a certeza substancial daquilo que lhe fará mover em direção ao desejado. Alguns chamam de anseio, outros de sonho e alguns loucos, de loucura. Por detrás dessa determinante força motriz apenas uma coisa manifesta-se claramente como responsável, a ambição. Não se dá um passo se quer pelo caminho se não houver em mente a ambição de se chegar a algum ponto específico, nem pronuncia-se em voz alta nenhuma palavra se não quererdes que seja ouvido. É a ambição que move o homem e o capitalismo. Diria, que não há no mundo ser humano em estado de vida que não seja ambicioso e que não tenha, talvez no mais íntimo do consciente, um desejo fulgaz de modificar, construir ou obter um determinado elemento, podendo ser abstrato ou concreto. Diria além, é vital ter-se ambição; é uma lei da natureza que atua em curso normal sobre todos os seres racionais. Alimentar a ambição é fertilizar a coragem maciça de sair rumo a algum objetivo almejado e dispor-se corporal e espiritualmente a transpor pessoas, espaços e sentimentos problemas. Nesse ponto é necessário frizar e trabalhar a tão fundamental visão da ética, considerando essa como base e apoio para uma trajetória consistente, tal qual a coluna edificada sobre a rocha. Sem dúvida alguma, a ética não é uma manifestação passiva da natureza sobre os seres racionais e para transparecê-la e praticá-la é necessário esforço, consciência e firmeza na atitude de valorizar e não distanciar dos bons valores adquiridos em algum espaço de tempo anterior (caso se tenha adquirido algum bom valor). O grande desafio de tudo é manter em linha reta a conduta firme e coerente mesmo diante dos desafiosos problemas ou das circunstâncias que se pode usufruir de métodos anestésicos que prometem aliviar a dor e impulsionar vertiginosamente sua caminhada para aquele tão citado ponto. Os apenas ambiciosos se separam quilometricamente dos éticos, quando levanta-se um histórico do passado e das experiências vividas, como as conquistas foram traçadas e como os sonhos foram tecidos. A ambição jamais pode abafar o nítido som da ética e quando isso ocorre tem-se um indivíduo a mais, a caminhar a esmo em meio ao pó da estrada. Quando firme e sabiamente concilia-se a beleza da ética com a ousadia da ambição, normalmente obtem-se como resultado uma trajetória clara, que pode ser apresentada a todos sem nenhum constrangimento ou máscaras. A grande ambição da humanidade deveria ser sempre ter ética, isso resolveria grandes problemas e aliviaria grandes dores. Cada um com sua ambição, mas todos com compromisso sério de carregar nos ombros o prazeroso peso da tão límpida ética.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Confirmação


Realmente, não foi amor a primeira vista. Não foi a primeira vez que te vi, você sempre esteve presente em todos os meus sonhos, como uma alma perdida gritando por ajuda e clamando para que eu te encontrasse. Realmente, não foi amor a primeira vista, mas foi forte todas as outras vezes que eu te vi, e você me viu, e nós nos descobrimos. Acabou-se o tempo em que não havia amor, nem lágrimas, talvez de felicidade, nem cantos talvez, de exaltação. A primeira vista perdura-se pelos dias e pelas noites que continuo sonhando com você, como uma alma engrandecida que sorri e pede um beijo e esconde um oculto desejo de nunca mais sair de mim. Encontrei-te nos meus sonhos e busquei a certeza dos teus braços. Seguro, agora eu me refugio na indecisão do futuro e na incerteza dos teus lábios. Certamente não foi amor a primeira vista, mas foi certo o suficiente para durar por toda minha vida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Te perdi


Aquela foi a última vez que meu olhar conseguiu alcançar tua respiração e que respiramos o mesmo ar. Deixei, inocentemente, que você continuasse pelo caminho sem ouvir minha voz e de repente eu te perdi. Quantas eternas, raras e rápidas vezes nossos olhares se cruzaram e ficaram namorando e dizendo coisas de amor. Quantas outras tantas e poucas vezes desviei o sentido dos meus olhos no momento exato que o seu iria cair sobre mim. Quantas tantas e raras vezes encontrei uma pele tão branca e macia como a sua. Sentindo tua pele, sem nem ao menos te tocar, eu percebi que seu beijo é doce e que sua alma é entregue. Seus olhos nunca mais tocarão meu corpo, nem sairão da minha alma. Talvez pra sempre, talvez só até o próximo amor...

Prece


Meu Deus, olhe por mim e por meus pensamentos e por meus atos. Volte seu Santo olhar para minha direção nos momentos que estiver em preces ou nas longas horas de pecado. Cura-me da dor do desespero de não ter sido correto e de não ter feito o que seria o melhor. Alivia-me desse sofrimento que sinto todas as vezes que encontro aquele garoto negro perdido no sinal, vendendo sua alma para as moedas sujas do garoto branco e naquelas ocasiões que menti, omiti e fiz-me de desentendido bem no momento que eu deveria falar a verdade, praticar a verdade ou dizer que eu sabia da verdade. Me perdoe por todas as vezes que olho pra onde não devia, que bebo da água suja e que respiro aquele ar destituído de pureza. Faça-me ser livre do peso de não orar pelas crianças da África, pelas vítimas das guerras, pelos inocentes mortos nas ruas do mundo e pela alma cansada dos políticos em Brasília. Absolva-me, liberte-me e proteja-me desse mal. Restaura-me, pois enquanto eu ser assim, não serei evangelho suficiente para a vida dos meus irmãos. Meu Senhor e meu Deus, me cure!

Certezas

Hoje eu tenho certeza que amanhã será diferente e que nunca mais será igual, nunca mais a água da correnteza terá a mesma direção, nem o sino o mesmo badalo. Amanhã o dia vai nascer de uma outra cor e eu vou sorrirei com outro branco. Se eu sorri, eu sorrirei com outro branco. Nem tudo vai do jeito que queriam que fosse, a água não filtra, a parafina derrete rápido demais e a última ave ameaçada acabou de ser definitivamente extinta. Por enquanto, eu só tenho a certeza de que amanhã será diferente e talvez melhor, por que o amanhã nunca esteve tão próximo do inusitado e a vida nunca esteve tão próxima do inédito. Amanhã pode ser tudo novo ou pode ser tudo de novo, mas o fim desse poema nunca será igual e o meu nascer do dia nunca será da mesma cor. E sobre o amanhã, a única coisa que sei é que talvez ele venha... talvez.

Vital


Quando você achar que o sol se foi pela última vez, respire fundo e acredite que ele ainda voltará pra rever e iluminar seu rosto. Já aquele barco que partiu hoje cedo da praia e deixou aquela moça chorosa a estender o lenço colorido, talvez não volte nunca mais. Certas coisas são tão óbvias quanto o anoitecer, já outras tão incertas quanto o fim, ou o começo. Acreditar que tudo pode dar errado, pode dar certo. E acreditar que tudo pode dar certo, não vai diminuir as impossibilidades que sempre aparecem no último instante. Quando você for partir, tenha consciência de que o mar é grande, que outras praias podem surgir no meio de uma ensolarada tarde e que seu barquinho a vela talvez não tenha sido feito para navegar. Mas nunca deixe de acreditar nas ondas e na maré, elas realmente existem e realmente agem sobre você. Quanto ao sol, não importa quando e como, ele estará lá, sempre a sua espera, acreditando no seu poder de revitalizar e de procurar novos mares e novos barcos e novos amores. Se conseguires acreditar que o astro da manhã te encontrará todos os dias, descobrirá que para viver basta deixar a vida recomeçar.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Apelo...

Pense no futuro indefinido dos garotos perdidos na solidão e descaso das ruas tão abandonadas e pense no modelo a não ser seguido daquele menino que diz "papai" e que não aprendeu o teor e a importância do respeito e faz de conta que Deus não o vê e não o punirá. Agora pare e pense onde você está depositando confiança, em quem você acredita e qual sua reação diante das catastrofes anunciadas, anunciadas todos o dias, em todos os jornais de todos os brasileiros. Pense rapidamente, só pra não ficar se culpando, nas estreitas faixas de ozônio que restaram para contornar os enormes buracos e reze para que o fim do mundo seja depois do último capítulo da novela das oito (o Brasil não resistiria a tamanha tortura). Interceda pela alma dos senadores, dos deputados, dos governadores e de todos os representantes do povo, eles são tão bons que entregam suas vidas pela política e pelo bem-estar dos eleitores. Faça uma doação para o Criança Esperança e doe o dízimo para sua igreja. Talvez o dinheiro é a única coisa que você tem para lhe oferecer e talvez seja a única coisa vinda você que interessa a ela. Lembre-se da camisinha e da opinião do papa, e antes que seja tarde, use a pílula do dia seguinte. Reflita sobre todo o bem e conforto que a cor da sua pele lhe proporciona. Seria ridículo se você fosse verde! Pense e sempre pense um pouco mais no quanto seria diferente se você tivesse feito as coisas de um outro jeito, se não tivesse tido as oportunidades que teve e se não acreditasse em tudo aquilo que durante sua vida inteira acreditou. Pense e faça com que a evolução da espécie continue e que o mundo seja melhor.

Justiceiro

E no sétimo dia Ele descansou.
É no oitavo dia que tudo começa: o fim, as descobertas e até mesmo o recomeço. Tudo obra e consequência de Deus, que por acaso é o da paz, do amor, da Trindade e dos pequenos. Aquele que é Deus de tudo, que rege a orquestra da vida, se divide em três, talvez em quatro, e cuida minuciosamente de cada um de nós. Desde as lágrimas piedosas dos mais pobres até a mais sigilosa senha do cofre do banco que fica na outra rua. Ele poderia ser o Senhor só dos pobres, e só para eles olhar, só deles cuidar, só eles receber. Mas Ele também é o Deus da justiça, de pesos simétricos, e como tal, olha com um olhar especial de Pai para todos. Lá se vão os pequenos e as senhas dos cofres.
Talvez seja apenas os menores que pisam às portas de Jerusalém, mas todos estão sob o Deus de Isaac, Jacó e Abraão, e Dele ninguém escapa, de seu furor niguém se esconde e de seu amor niguém se exclui.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Tempo perdido

Em um minuto qualquer, perdido na quase madrugada, uma sincronia de fatores e se fez um silêncio absoluto. Só se ouve o som ritmisado do meu coração que insiste a pulsar. Meus olhos se fecharam para o mundo e o mundo parou. As esquinas ficaram vazias, sem músicas e sem casais de namorados. os sinais se apagaram e os sinais do fim do tempo começaram a despontar sobre o muro da última guerra. As sombras estão mais escuras e com um tom leve de amarelo. os povos da minha tribo não lêem os livros sagrados e secretos daquela biblioteca e até os pingos d'água estão mais desidratados. Não se sabe o que está acontecendo com o mundo, nem com a globalização da comunicação intergalaxial, nem com a vassouraescondida atrás da porta. É o fim dos tempos. Não se sabe. Não se entende.

O mal

A brisa leve, como a dos filmes, daz com que toda a plantação de trigo se incline para um lado e para outro numa sincronia perfeita. mas lá no meio aparece em destaque tão vivo e vistoso o maldito joio.
No mundo há pessoas boas e pessoas que escondem absolutamente a bondade. São como o joio no meio da cultura, ou o leão na jaula das ovelhas. Leão!
Sem pudor, sem medo, sem respeito, sem limites, sem nenhum valor que possa ser admirado ou contemplado como modelo. Elemnto mal formado, sem noção do mundo comunitário, da sua fragilidade humana e até mesmo de sua mortalidade. Pobre pequeno num mundo tão grande e tão sem dono. Pobre. Leão.
Que a alma dessas pessoas exalem bondade e respeito; que a paz esteja sempre com elas e que o mundo externo seja bem diferente do mundo que há dentro delas. É preciso rever atémemso o que nunca se viu. Rever e mudar. Nunca é tarde.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Oração

Pela vontade Divina fui concebido e trago à este mundo no local e na hora em que vim. Foi por ela também que conheci exatamente meus amigos, que gritei, que não entendi, que perdi e que chorei. Para onde olho eu a vejo. Lá está, tão nítida. Como fugir, por onde escapar? Tão possível como uma mistura líquida homogênea. A cada ação, abro minha vida para a entrada da ação de Deus, e comigo Ele faz o que quer. Servidão, necessidade, entrega, rumo. As mãos Dele me conduzem e fazem com que tudo ocorra exatamente da forma que está acontecendo. Graça, amor, ou simplesmente, Providência Divina. nela eu me entrego, nela eu confio, por conta dela eu vivo.
Esse texto fará você pensar, até por que se você o leu foi por conta da Providência Divina. Se entregue!
Amém

Contra a maré

Meu mundo não é este. Eu não sou essas pessoas, nem as entendo, nem vejo nada delas em mim. Talvez meu mundo não exista, irreal, fictício, imaginário, utopia, ideologia, fantasia, anestesia, sonho. Pode ser alcançável, ou eternamente horizonte. Nem eu no mundo deles, nem eles no meu mundo. Exclusão, desunião, desinformação, desintegração, desprogramação, desestruturação, substancialismo, adjetivismo, distância. Aqui a lei da ação e reação não vigora. Não há ação, racionalidade, legitimidade, dinâmica. Consequentemente a reação não se faz em um dos melhores patamares de conceito elevado. Sem reação, sem base, sem novo, sem idéias, sem luz, sem graça. Que venham os ideais iluministas! Quero Rosseau, Tiradentes, Chico Mendes, Robert Hook, Einsten, Maria Quitéria e Derci Gonçalves. Não posso mudar aquilo que não me pertence, que não caibo, que não envolvo. Mudar não posso. Digerir não quero. Exclusão, desunião, desinformação, desintegração, desprogramação, desestruturação, substancialismo, adjetivismo, distância.

FUSÃO

LUGAR
VAZIO
UM
TEMPO
OUTRO
DOIS
HOMEM
MULHER
TEMPO
OLHAR
OLHAR
OLHAR
PROXIMIDADE
OLHOS
BOCAS
BEIJO
MÃOS
CORPOS
ROUPAS
CHÃO
BEIJO
UM
CORPO
OUTRO
CORPO
DOIS
CORPO
AMOR
?
CIU
?
ALMA
?
CORPOS

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Descoberta

Estou estarrecido, pasmo, surpreendido, anestesiado. Depois de tanto tempo de escuridão meus olhos, instantaneamente, conseguiram enxergar algo inusitado, inovador, revolucionário, divisor de águas. Estou ainda embreagado com minha tamanha descoberta, que se baseia no fato de o mundo...
...é que o mundo...
...que o mundo...
... o mundo é redondo!
Fantástico!
Quase que inacreditável!
Só não entendo como consegui viver todos esses anos sem fazer essa descoberta. Estava tão claro, tão óbvio, tão nítido. Estava ali e eu teimava em não ver. Depois dessa, me pego pensando em quantas outras descobertas eu não fiz. Será que haverá tempo para tudo? Já nem me importa, afinal não é todos os dias que se tem o privilégio de racionalmente descobrir que o mundo é redondo.

Entregue

Ela me tem deitado em suas braços. Em meio a trincheira nossos olhares trocam longos diálogos, eles sorriem sem que ecoe nenhum som. Quando a vejo me sinto seguro e meu pobre coração acalentado dispara. Meus braços a envolve e sua alma derram-se sobre mim. Levo no meu o sorriso dela, tão encantador, tão feminino, tão próprio.
Desejo ter você sempre do meu lado, desejo ouvir sua voz e te abraçar em cada instante que eu me perder. Desejo que nossas mãos nunca se separem e que nossos corações nunca deixe de ser apenas um. Desejo para o mundo todo um amor assim tão forte e verdadeiro, acalmador de mares e objetivo das manhãs.
A você, razão da minha poesia, dedico todo meu amor...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Elas

Rosas escarnecem toda a verdade mais profundamente oculta em qualquer singela palavra. Rosas gritam a frase crucial que viam cravada por detrás do seu branco olhar. Rosas falam, enganam, disfarçam. As rosas vermelhas são lindas, mas as rosas vermelhas são as mais lindas.
Saiba certamente para quem e quando enviar uma rosa. Não envie para sua amiga, sua chefe, sua professora, nem para aquela mulher que apenas te faz pensar em amor. Envie para sua mãe ou para a razão da sua vida. Rosas dizem eu te amo.
Não credite sempre que as rosas que recebeste foram sinceras, como eu disse, rosas enganam e disfarçam. Dê, pelo menos uma vez na vida, uma rosa a alguém. Se você não receber uma, pelo menos uma vez na vida, considere-se infeliz. Cheire uma rosa, plante uma e destrua outra. E o mais importante, nunca se deixe contagiar pela melosidade e superficialidade das rosas.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Do lado de fora

Eu vi na calçada um cobertor estendido, mas não me importa se há ou não um corpo ali debaixo, nem a temperatura do ambiente em que está meu coração gelado. Eu vi crianças numa ciranda debaixo do sinal e da opressão. Eu vi mais que olhos e pele, eu vi almas. Eu vi sua arrogância, seu beijo estilo Judas e seu voto na última eleição. Toda vez que eu saio de casa meu mundo desaba, eu me perco e descubro que nem conheço meu vizinho da frente. Outro dia fui assaltado e me levaram a dignidade de desfilar pelas ruas com meu sapato caríssimo. Outro dia me roubaram no caixa do supermercado, na conta de água, na de luz e no sonho de crescer. Por falar em crescer, aquelas crianças do sinal não sabem o que é isso, nem sabem que é um verbo em desenvolvimento, nem que a escola é para todos.
Eu sou uma pessoa feliz! Por que tenho senso crítico da sociedade, da minha irmã e do moço do bar. Sou muito corajoso, por que comungo todos os domingos e sou o futuro da nação, porque trago em mãos o poder da juventude.
Os problemas do mundo eu deixo aqui na poesia ou do outro lado do vidro. Dos seus problemas cuida você. Do seu mundo, seu deus. Dos seus olhos, sua imaginação.
Esse é meu exclusivo mundo, tão diferente da realidade, tão contrastante. Mas não fique com medo, esse é somente o meu mundo, e apesar de tudo, eu sou feliz.

Cênico

Eu conheço uma porção de frases idiotas que tentam resumir ou poetizar o conceito de teatro. Vãs e mesquinhas tentativas. Teatro é um conceito e percepção extremanente individual. Cada pessoa tem uma sensação e um sentimento diferente quando se depara com aquele universo mágico condensado entre cortinas, sobre um palco e sob luzes.
Cada vez que eu vou ao teatro eu sofro muito. Sofro por que tenho que controlar minha imensa vontade de subir ao palco, falar um texto qualquer e me deliciar com os aplausos do público. Da minha insignificante cadeira, me torço e tremo incompulsivamente, com uma vontade robusta de atrair os holofotes. Também fico pasmo com tamanho talento e disposição de certos profissionais, e volto pra casa com uma certeza maior de que a vida é mais cheia de graça quando se tem arte, e que teatro, no meu caso, é sinônimo de vida.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Terça noite

Há momentos que não se esquece, há verdades que se descobre, há amigos que marcam e há palavras que não falam. As vezes o momento é tão rápido e singelo para que se possa dizer tudo aquilo que deve ser dito, outros são tão fortes, marcantes e inusitados para deixarem de serem lembrados. Em certas ocasiões um adeus não duradouro consegue provocar intensa saudade, em outras, as piores piadas conseguem provacar intensas risadas. Há fase da vida que se conta para os pais e há outras que se omite. Há fase que há e há outras que nem chegam a existir. Quem pensa que uma greve pára uma vida, se engana. Ela faz nascer novos momentos, etapas e histórias em uma rotina fragmentada. Assim foi. Assim quero que sempre seja.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Narração...

Ele via os ponteiros do relógio escorrerem pela madrugada e a luz da manhã encher os girassóis. Seus olhos estavam abertos, fixos e molhados, perambulando pela imensidão das quatro paredes. Seus pensamentos reagiam a impulsos emocionais vindos de alguma parte do restante do seu desidratado corpo.
Mas os ponteiros do relógio não pararam de escorrer e o tempo passou, e aquele menino se cansou de ver a chuva fria entrar pela sua janela e bater no telhado velho. Agora a vida dele é apenas sol e girassóis no jardim. Nas madrugadas ele dorme, e nos pensamentos não mais chora. A chuva, não mais a fria, lavou sua alma, e ele se refez, recomeçou, reativou, reviveu...

Te espero

Aonde está você que não enxe meu quarto com teu suave perfume? Em que parte da noite te perdi, ou em qual fase da luta deixei você partir? Te quero aqui comigo, deitada em mina cama. Quero seus beijos, seus carinhos e seu corpo. Quero você, aqui, comigo.
Por ande andas que não me ouvi? Em qual canção achar você? Me perdi ou te perdi? Te amo ou só te quero? Aonde está você que não vem me completar? Fico aqui, extasiado pela espera, pensando em você e sentindo que a qualquer momento irás chegar para me fazer muito feliz.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Palavras da alma

Quando fico em silêncio e minh'alma para de gritar, eu escrevo. Escrevo sobre minha paixão à menina: da TV, do ponto de ônibus e do jornal preto e branco. Escrevo desesperadamente sobre quem se foi e quem nem teve coragem de vir. Falo sobre minhas alegrias, minhas tristezas e descobertas. Falo do que vejo e do que não sinto. Falo do que não vejo e do que sinto roer por dentro.
Quando escrevo não sou apenas eu, sou um pouco da dor do mundo que se transforma em palavras, sou meu avesso ou uma versão pobre de um grande poeta. Minhas idéias não são as que vão para o papel, são aquelas que eu faço nascer na cabeça de quem está decifrando meu código. Quando escrevo eu me perco no esquecimento do tempo. Minhas mãos escrevem o que minha alma vê, meu corpo senti e minhas idéias percebem.
Quando escrevo vivo eternamente.

terça-feira, 22 de maio de 2007

VIDA/DESAFIO

Trago em meu corpo marcas do caminho, sicatrizes das lutas e formas do mundo. Durante as batalhas travadas fui me formando, aprendendo com o inimigo, com as vitórias e os fracassos. Mas nunca deixei de acreditar na providência divina e na hora certa determinada por Ele. Aliás, eu nunca caminhei sem Ele. Não consegui contar quantas lágrimas deixei cair, nem quantas tive que engolir, nem quantas me roubaram. Todas as vezes que cheguei ao final de uma etapa, lá do alto, contemplando a imensidão, eu gritei, tão forte quanto minha alegria. Nesses momentos, todos meus amigos estavam vivos dentro de mim, minha família-força e aqueles que nunca depositaram-me confiança. De todos lembrei-me. Hoje, daqui, meus pés continuam descalços e sedentos de chão. Minha garganta seca e meus olhos a transbordar impulsionam-me à trilha. O caminho não se findou, os sonhos não se acabaram e minhas forças não se esgotaram. Continuo eu, adentrando pela vida, tecendo sonhos e construindo meu próprio caminho.