segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desabafo musical

Hoje eu acordei logo cedo com a luz do sol esbofetando meu rosto e meus olhos sangrando de tanto sono, e me joguei sem medo no desafio de mais um último dia. Mas não é sobre isso que venho falar. Quero a vocês, meus caros, narrar o fato de hoje eu não ter cantado nenhuma canção. Hoje eu abri a razão e os ouvidos e ouvi tudo aquilo que antes eu parecia não ouvir. Eu tentava cantar, mas eu não conseguia. Hoje eu me senti como se eu tivesse nascido para ouvir, como um dom que me cobre. Tudo bem... grande exagero eu coloquei nessas últimas palavras. Na verdade, eu cantei, sim. Mas cantei num volume tão baixo, que nem eu mesmo as vezes não conseguia ouvir. Cantei para que nem meus próprios lábios pudessem me ouvir. Cantei canções de letras não permitidas e de melodias que matariam qualquer um. Cantei sozinho no ônibus e durante a prova, mas foi no caminho do supermercado, enquanto eu imaginava a vida sem canções, que eu tive o prazer de passar ao lado de uma senhora de cabelos longos e ao vento, que cantava tão sem vergonha, num volume tão alto, de forma tão espotânea, que deixava nítida a expressão de liberdade. Um dia eu quero cantar tão alto quanto aquela mulher. Um dia, nas ruas, não mais vou andar, somente cantar. Por que quem canta, sabe sim o que é sentimento e entende a problemática das letras sem son da vida de cada cantor.

Um comentário:

Indhy disse...

Aaaah, cantar é virar o seu eu ao avesso! É arrancar qualquer dúvida, tristeza ou medo.Mesmo que desafinado, é sentir acordes que te fazem mover... e a pupila dilata de tanta emoção, o coração pulsa com força, e às vezes parece até oração e tem lágrima... E esse post me lembrou uma música, que adoro... canta comigo:

"Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz, tristeza nunca mais..." (Na voz de Maria Rita, obvious...)
Excelente texto! =***