sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Segundas manhãs

Pássaros e canções percorrem o silêncio inércio da manhã perdida e cheia, de uma plena e vital segunda feira. O ar continua aqui, os móveis nunca saem do lugar, a janela que sempre permanece fechada e esses raios esperançosos de sol insistem em penetrar pelas lacunas e buracos estreitamente estreitos da janela, do teto e fechadura. O que faz esse edredom que nunca fica dobrado sobre a cama macia e sedosa? O que acontece com aquele tapete de uma cor extinta que lembra o branco e que nunca deixa a porta ficar livre, nem os pés absoletos, nem o chão transparente? Por onde andam os abajous lustrosos cobertos de cristal e ouro que deixavam pendurados bem ali ao fundo, quase que escondidos? A vida percorre a manhã e promete invadir com força a tarde e a noite e então se fará um sono tão profundo que encobrirá novamente a luz do sol e um dia revelará uma manhã fagueira em algum ponto desse universo paralelo. Enquanto isso, ainda posso ouvir o canto ensaiado dos pássaros e o silêncio inércio da manhã.

Nenhum comentário: