quarta-feira, 17 de setembro de 2008

10''

O meu tempo é tão compassado quanto os ponteiros do relógio, que por coincidência, ousam em marcar meu próprio tempo. Os segundos que me prendem em seu olhar são bem mais duradouros do que os 10 que fico perdidamente a lhe abraçar. Já o beijo que eu te oferto a cada manhã, dura muito mais que 10 segundos. E é nesse tempo que eu mudo de direção e me perco no sentido contrário do meu relógio desgovernado.
Tudo que eu preciso é de 10 segundos para me refazer, lhe fazer feliz e improvisar as notas principais daquela velha canção. Mas tudo o que mais desejo são apenas míseros 10 segundos, capazes suficientes de me fazer viver eternamente esse nosso tempo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Enigmático Mundo

Tudo indefinido e tudo perdido. O mundo gira e eu fico aqui parado, melado e molhado. Tudo levemente obscuro, palavras no muro, pouco barulho, enormes buracos e pequenos furos. Indecisão sobre a razão de ser essa reação diante de tamanha confusão que vai da televisão até o meu coração. Poesia tão vazia que antigamente não se fazia e nem se via jogada sobre a pia da Dona de Casa chamada Maria que sempre se escondia mas que agora alumia. Percebe o desespero que vejo pelos corredores sem asulejo onde todos cheiram queijo e nunca se sabe se o futuro será o mesmo? O que há com as voltas minguantes do Planeta Terra que aos gritos berra e nunca acerta a resposta correta das questões mais incertas e abertas indicadas por uma grande seta? São tantas confusões e tantas abstrações que até as rimas não conseguem mais rimar e até as vidas não conseguem mais executar e tudo o que coloca-se à mesa é somente a sobremesa de um texto sem proesa e uma canção sem maestria.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Centralizado

Lábios com os cantos molhados.
Língua sedenta de outra língua.
Corpo seco de tantos desejos.
Um olhar capaz de acariciar e uma boca capaz de despir.
Lobo e cordeiro.
Menino e homem.
Mente que exala vontades e pele que transpira idéias.
Palavras molhadas numa poesia desvairada.
Sano e louco.
Meu nome é Poeta e o prazer, faço questão que seja todo seu.

Um toque

Engana-se quem pensa que já leu todos os livros e todos os meus poemas, nem mesmo meus olhares você é capaz de ler. Aquem é aquele que sem medida ou noção alguma constrói na velocidade da luz uma relação que seria para a vida toda. Joguei meus búsios, minhas cartas de tarô, minhas cartas de baralho e minhas cartas de amor, e tudo o que eu vi foi um fim, tão próximo do começo e tão distante de tudo que planeja-se viver. Acredita-se que depois de um nascer do sol tudo vai se resolver e o dia será novamente novo, e vocês novamente tolos. Só quem não é tão esperto e sutil quanto um autor de poemas não consegue enxergar que a vida é um pouco mais complexa quando passa pelos outros e que desenganos fazem parte da voracidade de qualquer relação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Clamor

Pedi a Deus para que cuidasse de você e que não te deixasse olhar pro lado esquerdo, nem apontar com a mão direita, nem abandonar aquilo que você diz piamente amar. Pedi a Deus que nunca mais deixasse você não existir, não reagir e não esconder aquelas velhas garrafas. Pedi a Deus que você mantivesse a certeza no caminho e a insegurança no olhar, mas nunca se desfizesse de nenhum dos seus mapas. Pedi mais uma vez a Deus para que lhe permita concluir suas idéias, que não ignore o poder da gravidade e que nunca se esqueça de todas as meninas pagãs que passaram por sua breve vida. Mas agradeci a Deus por ter havido tempo de escrever para você e de lhe conferir meus singelos conselhos de poeta desperdiçado, perdido nas orações e no desejo insano de desmedidamente pedir a Deus.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pra você...

Eu queria ter você em meu horizonte pra sempre e somente nas manhãs que houvessem nascer do sol, tocar, incontrolavelmente, sua boca. Mas eu queria ter olhado pros seus olhos e lhe ter dito adeus de cabeça erguida. Nunca mais me deixe sem notícias, nunca mais me deixe te procurando e nunca mais me deixe aqui sozinho a te esperar. Meus passos eram contrários e seu cheiro ainda era em mim. Podia te sentir e não podia te deixar. E quando você voltar a escrever aqueles poemas com meu nome e aquelas cartas em papéis brancos, por favor, não deixe que suas lágrimas borrem a caligrafia e que seu perfume venha junto com as palavras. Assim fica mais fácil de te esquecer.