sábado, 27 de dezembro de 2008

Entrelinhas

Será que você sabe quanto custa o valor infinito de uma lágrima que desaba de meu olho desonesto? Será que você tem noção de quantos passos eu tive que dar debaixo daquele sol escaldante para ter o direito de somente então colocar minha língua virgem naquela água com gosto de fonte de vida? Será mesmo que você é capaz de ver diante do espelho o reflexo quase real do futuro faraônico que está parado atrás daquela montanha, só esperando a triunfante chegada de seu dono? Acho que você não é capaz nem de perceber quem mora atrás de sua própria pele sem gosto e, talvez, nunca entenda a constituição do solo que conseguiste tão facilmente lançar suas pegadas. Enquanto precisar de mim eu estarei aqui, pronto pra te ajudar. Mas do meu jeito e com a minha poesia. Pelo correr dos últimos parágrafos é tudo que eu posso, para ti, escrever.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desabafo musical

Hoje eu acordei logo cedo com a luz do sol esbofetando meu rosto e meus olhos sangrando de tanto sono, e me joguei sem medo no desafio de mais um último dia. Mas não é sobre isso que venho falar. Quero a vocês, meus caros, narrar o fato de hoje eu não ter cantado nenhuma canção. Hoje eu abri a razão e os ouvidos e ouvi tudo aquilo que antes eu parecia não ouvir. Eu tentava cantar, mas eu não conseguia. Hoje eu me senti como se eu tivesse nascido para ouvir, como um dom que me cobre. Tudo bem... grande exagero eu coloquei nessas últimas palavras. Na verdade, eu cantei, sim. Mas cantei num volume tão baixo, que nem eu mesmo as vezes não conseguia ouvir. Cantei para que nem meus próprios lábios pudessem me ouvir. Cantei canções de letras não permitidas e de melodias que matariam qualquer um. Cantei sozinho no ônibus e durante a prova, mas foi no caminho do supermercado, enquanto eu imaginava a vida sem canções, que eu tive o prazer de passar ao lado de uma senhora de cabelos longos e ao vento, que cantava tão sem vergonha, num volume tão alto, de forma tão espotânea, que deixava nítida a expressão de liberdade. Um dia eu quero cantar tão alto quanto aquela mulher. Um dia, nas ruas, não mais vou andar, somente cantar. Por que quem canta, sabe sim o que é sentimento e entende a problemática das letras sem son da vida de cada cantor.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Luz!!!

Antigamente eu achava que o mundo era dos ousados, mas não. O mundo na verdade é dos iluminados. Luz é assim, quem tem, tem. Quem não tem, nada pode fazer. E não há prêmio sedutor acumulado na Mega, nem rostinho bonito no vai-vem da passarela que consiga fazer brilhar aquela pessoa apagada por vocação. A luz, não sei de onde vem, mas vem numa intensidade, que ninguém consegue abafar. Feliz daqueles que possuem luz própria. Feliz daqueles que tem por porto alguém com luz própria. Feliz daqueles que sabem usar sua luz própria. E o mundo segue assim, escancarando portas para os iluminados, procurando desesperadamente pessoas com essa característica e se entregando a irreverência e dom daqueles que, por vontade divina, só sabem brilhar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Setas...

E agora, o que fazer com meu olhar perdido diante de tamanha confusão de meus pés sem rumos estacionados nessa encruzilhada que me conduz a tantos caminhos? O que resta fazer com tanto medo e tanto anseio? De todos, não tenho o dom da certeza. Só, sozinho e solitário. Magro, mago e mágico. Em quais pedras colocar meus pés, ou será que terei a chance de pisar naquela pedra que eu mesmo desejar? E eu sinto que o tempo está chegando. E eu sinto que sinto medo. E tudo o que sempre sentí foi um sonho latente de estar lá e aqui, e em todos os lugares. E o tempo... sei que se aproxima!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Diferente

Um dia, em algum lugar dessa dimensão, alguém, por um motivo muito forte resolveu exercer essa obra de criação. Junto, traçou linhas num papel cremoso com um lápis de cor azul e definiu para sempre aquilo que mais tarde seria chamado de destino. Uma luz lançou desmedidamente sobre. Depois vieram o olhar, o olhar, o sorriso e a mão de um punho forte. Deu-lhe um sopro e fez-se o dom. O dom de algo tão especial quanto óbvio, algo capaz de ser observado a inúmeras linhas do final de uma poesia.
E fez-se... E farar-se... E ninguém fará igual...

Foi?

O que foi isso que por mim passou e fez os pêlos do meu braço delirarem e meus olhos tão obedientes se conterem? Não sei se tem mais aqui dentro, ou se corre mais perdido lá pelo lado de fora. Nem sei... E tanta coisa, que tanta gente não sabe. Inclusive você. Quantas cartas de amor feitas num momento de inspiração e que não levam nem o perfume da última lágrima seca. Tantas palavras, gestos e beijos jogados ao aleatório ar e destinados sempre ao mesmo ninguém. Sabia que ainda me lembro do seu último semi-olhar sobre o meu? Mas não se preocupe, de vez em quando pássaros do sul resolvem descançar e até as ondas dos oceanos resolvem se dissipar nas areias branquinhas das praias tão litorâneas. Nem tudo é o que exatamente se vê, nem tudo é como aquilo que parece parecer e nem todos são esse crital que me faço. E depois de me ouvir, se quiser, olhe sempre para os lados.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Espírito meu

E num instante qualquer eu apenas solto um mortal grito, rasgo minhas roupas brancas, rompo todas as algemas que se prendem ao meu corpo, abro as asas numa quebra ímpeta da estagnação do ar e vôo. Soltem as grades da prisão e deixem que as chaves dancem harmonicamente com o peso angustiante dos cadeados. Quebrem os tijolos de aço que ostentam essas paredes infelizes. Tirem as mãos de mim e apenas contemplem meu voar desgovernado pelos ares da libertade em chamas ardentes da intensa vida. Não chorem caso eu nunca volte, nem percam tempo debulhados em esperanças vãs de um honroso retorno. Nunca fui sei, nem nunca fui deles. Na verdade eu sou do ar, e somente aqui, eu posso realmente viver.

domingo, 26 de outubro de 2008

Manhãs de sol

Rosas vermelhas molhadas despetaladas, sujas com a inocência do mal-me-quer. Sangue a correr pelo chão, páginas riscadas do folclórico diário que já não guarda toda a verdade dos modernos tempos. Pípulas de remédio, veneno e droga espalhadas entre as páginas de um livro em branco, prestes a ser constantemente preenchido. Uma música enigmática ao fundo, e mais ao fundo um silêncio revelador. Dores de todas as cores e formatos, penduradas por todas as paredes e janelas do incômodo cômodo. E a luz da vela se desfaz no clarão do dia e se perde a agonia ao renascer sem preceitos e doutrinas. Tudo passado e outra vez passado. Agora arquiteta-se paredes limpas e páginas escritas, meninas perdidas e livres melodias sem letras. Sempre disposto, eis aqui o poder do novo, de novo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fuga

Me tirem daqui e não deixem nem os restos das minhas roupas lançadas sobre as grades. Me levem daqui com todo meu perfume e todas as palavras febrís que deixei inpreginadas nas paredes desse lugar. Corram comigo nos braços e me deixem num lugar muito distante do ponto final do penhasco, e me deixem só, com os restos das minhas roupas que ficavam nas grades, o meu perfume e as palavras que sempre inpregnei as paredes daquele lugar. Preciso de mim para pensar, preciso que eu me ouça, preciso do meu silêncio e dos meus gritos internos. Corram para longe, não queiram ouvir meus segredos, não desejem me conhecer. Mas antes... tirem-me daqui!

Transparente

Quando me prosto ao chão e fecho meus olhos, Deus fala comigo. Daqui de dentro Ele vê tudo, de tudo sabe, conhece tudo. Daqui de dentro não preciso nem falar, e ouço, atenciosamente, a voz firme Dele. Toda vez que fico assim com Deus eu choro: de emoção, de alegria, de conforto, de medo do pecado. E Deus novamente fala, e de vez em quando, sussura ao pé do meu coração. A voz Dele se parece com um abraço de mãe, com um beijo de namorada, com um carinho de amigo, com um sorriso de criança. E quando Deus fala, eu só ouço, e choro, e fico ali, parado diante do Todo Poderoso, sentindo a força que só vem Dele. E quando Deus fala, minha vida toma rumo e brota das cinzas um novo ser. Toda vez que Deus fala eu fico transparente.

domingo, 19 de outubro de 2008

"Prévico"

Está muito próximo e ninguém nem pensa nisso. Eu vejo as folhas se movimentarem, eu sinto o ar bater covardemente na minha face, eu percebo as ondas AM do rádio vibrarem um pouco estranhas, quase que num tom de alerta. Não me chamo profeta, mas fui o escolhido para anunciar. E eu vejo, e parece que só eu vejo. Mas o pior é que eu sinto, todo o tempo, todo... Até minha respiração parece me dizer, até o balé dos dedos do meu pé parecem dizer, até minha imagem no espelho diz. E nem tenho como avisar. Não há palavras para explicar isso. Não há pessoas para entender isso. Não há nada como isso em toda história. Em todo caso, quando acontecer, a mim não pegará de surpresa. E se alguém comentar algo sobre, terei a leveza na consciência de que eu já sabia e que nada podia. Vai vir, vai chegar, vai acontecer... e nada poderá isso mudar!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Resquícios do Bem

Anjos... criaturas especiais portadoras de coração bom que chegam na hora e no momento certo para ajudar a quem precisa. Pelas ruas movimentadas e ritmisadas, misturados a mera multidão, ainda existem alguns desses. Soldados do bem, capazes de fazê-lo sem olhar a quem. As vezes místicos, as vezes repetinos, as vezes amigos. Reze por um amigo. Perceba o repentino. E deixe-se ser entendido por um místico. Sabia que anjos existem? E eles podem trabalhar na padaria da esquina, ter feito faculdade de cinema ou lhe aguardar no hospital que carece de saúde. Mas estão sempre a postos, esperando um aviso do cel. Anjos realmente, existem! E nunca deixe que um saia da sua vida, e nunca deixe que um se vá sem seu "obrigado" e nunca deixe de acreditar que eles estão por perto. Por favor, acreditem em minha experiência de poeta, eu garanto a vocês: Anjos existem!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Liberto

Misture seu olhar perdido com minhas palavras desgovernadas e se entregue ao prazer quase que carnal de romper os portões do mundo sem nenhuma direção prevista. Deslize sua mão virgem sobre meus braços cansados e seja capaz de não fechar os olhos e delirar pecaminosamente. Cante mais alto do que os meus gemidos, pule mais alto do que tudo que sai de mim e mescle o possível com o impróprio, o duvidoso com o proibido. Permita-se permitir fazer tudo aquilo que ningém permite, e deixe que minhas poesias conduzam seus pensamentos inebriados por um mundo quase novo, e quase morto e desesperadamente perdido. Solte-se e veja o sol. Funda-se e seja híbrido. Crave, grave e trate de ser assim e ainda ser feliz!

sábado, 11 de outubro de 2008

Inspira-me

Poemas nem sempre são desabafos e nem sempre falam de mim. As vezes eu falo neles sobre você e ninguém percebe. Outras vezes eu falo neles para você e nem você percebe. Inspiro-me a todo instante e em qualquer lugar para falar de amor, de tempo ou da minha revolta diante de um comportamento ameno. Só não posso é deixar de me inspirar. E nem me falta inspiração: a menina que vi pela janela do ônibus, o idiota que atravessava a faixa de pedestre ou que não parou para mim na faixa de pedestre, o bom dia que ganhei quando eu nem esperava um olhar, o olhar que ofereci e que não foi retribuído, ou tudo aquilo que mexe ou não comigo. A inspiração as vezes vem de fora e as vezes de dentro. E quando não vem eu poetizo sobre o fato de não haver inspiração. Pois é... quando você ler um poema meu, tenha cuidado, posso estar falando sobre você, para você ou nem pensando em você. Mas torça, para que tenha o privilégio de se tornar imortal em minhas palavras.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

( )

Tão distante ainda está o son do meio dia.
Eu, sentado em uma sólida cadeira, vivendo um sono profundo, numa aula vazia.
Entre um sonho e outro, relances reais de agronomia.
Até a hora da partida, debruçado-me-ei de ficar na melancolia do dia, da aula vazia, da agronomia.

Você a flor da minha pele

Infame sou quando me esforço para não apenas pensar em você. Sinto sua dor em minhas lágrimas e sinto seu cheiro a me abraçar. Invades minha vida e meus pensamentos e brincas com meus olhos como se mais nada corresse ao nosso redor. O que tenho em meus braços é a sede do teu corpo e nos meus olhos é a sede da tua boca e na minha boca a sede das tuas palavras diretamente nas minhas. Sou quase todo seu e quase te tenho completamente. Sou livre para voar, mas graça alguma tem sem você por perto. E você nunca está por perto e você nunca me beija na hora certa e você nunca sai de mim.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Rapidinho...

Nessa última década eu percebi que ando muito apressado. Faço tudo mais rápido e mais corrido. Tenho presa em chegar a universidade e de sair dela, em gastar meu salário, em comer o pacote de biscoite e até em terminar meus namoros. Por conta dessa pressa desenfreada, encurtei meus poemas, me masturbo mais rápido, tenho menos amigos, sorrio menos e nem aquele velho tempo que sempre tive para me inscrever em todas as edições do BBB, já não tenho mais. Meu carro anda muito mais rápido e eu canto somente os refrões das minhas canções preferidas. Só tenho gozado uma vez e nunca há tempo para eu colocar a camisinha. Acho que até meu coração tem ficado mais acelerado. Pois é, tudo tão rápido, tão veloz. Não sei se sou eu, se é o mundo ou se foi essa última década. Mas que eu ando mais apressado, isso eu ando!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

10''

O meu tempo é tão compassado quanto os ponteiros do relógio, que por coincidência, ousam em marcar meu próprio tempo. Os segundos que me prendem em seu olhar são bem mais duradouros do que os 10 que fico perdidamente a lhe abraçar. Já o beijo que eu te oferto a cada manhã, dura muito mais que 10 segundos. E é nesse tempo que eu mudo de direção e me perco no sentido contrário do meu relógio desgovernado.
Tudo que eu preciso é de 10 segundos para me refazer, lhe fazer feliz e improvisar as notas principais daquela velha canção. Mas tudo o que mais desejo são apenas míseros 10 segundos, capazes suficientes de me fazer viver eternamente esse nosso tempo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Enigmático Mundo

Tudo indefinido e tudo perdido. O mundo gira e eu fico aqui parado, melado e molhado. Tudo levemente obscuro, palavras no muro, pouco barulho, enormes buracos e pequenos furos. Indecisão sobre a razão de ser essa reação diante de tamanha confusão que vai da televisão até o meu coração. Poesia tão vazia que antigamente não se fazia e nem se via jogada sobre a pia da Dona de Casa chamada Maria que sempre se escondia mas que agora alumia. Percebe o desespero que vejo pelos corredores sem asulejo onde todos cheiram queijo e nunca se sabe se o futuro será o mesmo? O que há com as voltas minguantes do Planeta Terra que aos gritos berra e nunca acerta a resposta correta das questões mais incertas e abertas indicadas por uma grande seta? São tantas confusões e tantas abstrações que até as rimas não conseguem mais rimar e até as vidas não conseguem mais executar e tudo o que coloca-se à mesa é somente a sobremesa de um texto sem proesa e uma canção sem maestria.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Centralizado

Lábios com os cantos molhados.
Língua sedenta de outra língua.
Corpo seco de tantos desejos.
Um olhar capaz de acariciar e uma boca capaz de despir.
Lobo e cordeiro.
Menino e homem.
Mente que exala vontades e pele que transpira idéias.
Palavras molhadas numa poesia desvairada.
Sano e louco.
Meu nome é Poeta e o prazer, faço questão que seja todo seu.

Um toque

Engana-se quem pensa que já leu todos os livros e todos os meus poemas, nem mesmo meus olhares você é capaz de ler. Aquem é aquele que sem medida ou noção alguma constrói na velocidade da luz uma relação que seria para a vida toda. Joguei meus búsios, minhas cartas de tarô, minhas cartas de baralho e minhas cartas de amor, e tudo o que eu vi foi um fim, tão próximo do começo e tão distante de tudo que planeja-se viver. Acredita-se que depois de um nascer do sol tudo vai se resolver e o dia será novamente novo, e vocês novamente tolos. Só quem não é tão esperto e sutil quanto um autor de poemas não consegue enxergar que a vida é um pouco mais complexa quando passa pelos outros e que desenganos fazem parte da voracidade de qualquer relação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Clamor

Pedi a Deus para que cuidasse de você e que não te deixasse olhar pro lado esquerdo, nem apontar com a mão direita, nem abandonar aquilo que você diz piamente amar. Pedi a Deus que nunca mais deixasse você não existir, não reagir e não esconder aquelas velhas garrafas. Pedi a Deus que você mantivesse a certeza no caminho e a insegurança no olhar, mas nunca se desfizesse de nenhum dos seus mapas. Pedi mais uma vez a Deus para que lhe permita concluir suas idéias, que não ignore o poder da gravidade e que nunca se esqueça de todas as meninas pagãs que passaram por sua breve vida. Mas agradeci a Deus por ter havido tempo de escrever para você e de lhe conferir meus singelos conselhos de poeta desperdiçado, perdido nas orações e no desejo insano de desmedidamente pedir a Deus.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pra você...

Eu queria ter você em meu horizonte pra sempre e somente nas manhãs que houvessem nascer do sol, tocar, incontrolavelmente, sua boca. Mas eu queria ter olhado pros seus olhos e lhe ter dito adeus de cabeça erguida. Nunca mais me deixe sem notícias, nunca mais me deixe te procurando e nunca mais me deixe aqui sozinho a te esperar. Meus passos eram contrários e seu cheiro ainda era em mim. Podia te sentir e não podia te deixar. E quando você voltar a escrever aqueles poemas com meu nome e aquelas cartas em papéis brancos, por favor, não deixe que suas lágrimas borrem a caligrafia e que seu perfume venha junto com as palavras. Assim fica mais fácil de te esquecer.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Talvez desculpas... talvez amor...

E qual seria o ritmo da minha canção sem o som sincero que emana de meus amigos? E quantas tantas sofridas vezes meu coração poderia suportar a dor e o cansaço em ter que pulsar sempre, sem nunca parar e sem nunca se demonstrar cansado? Para quem eu iria escrever e para quem eu iria desejar bom dia, se no caminho meu não houvessem pegadas também de outros pés? Eu juro pela minha mão direita, que o mundo teria outra cor, a carne outro sabor e as plantas uma outra forma de viverem. Sem meus amigos eu seria apenas meu egoísmo. Sem meus erros eu seria apenas meus medos. Que do outro lado da ponte sempre esteja alguém a dedilhar no violão meu nome e que no meu sorriso sempre esteja desenhado a veracidade de qualquer sentimento súpero. E que por todas as outras vezes em que eu me tornar poeta errante eu seja tão verdadeiro e honesto quanto me faço a esse discorrer. É a psicologia da vida, do equívoco e da amizade! É a força que une sem saber o porquê!

Juras

Eu jurei que nunca mais iria escrever uma carta de amor tendo você como destino e inspiração. Eu fiz tantas juras que nunca poderei cumprir, eu amei tantas vezes, tantas pessoas que eu jamais poderei deixar de amar. Eu sofri por tantos amores que eu nunca vou poder esquecer. Jurei cantar e não cantar canções por infinitos motivos. Jurei ser feliz e jurei acreditar que nunca mais eu iria fazer nenhuma jura.

Revolta e preocupação

É ridícula sua falta de coragem e de amor por você mesma. É ridículo quando você grita no vazio do telefone palavras vazias que representam todo amor que lhe é entregue. É ridícula a forma que você se humilha aos pés da escada clamando por um pedaço de pão. Daqui meia hora o mundo pode acabar e você terminar seus dias estagnadas no medo profano de não mudar. Daqui meia hora você pode mudar para pior ou simplesmente continuar sentada no primeiro degrau. Não existem palavras sérias, não existe compromisso sério, não existe conversa séria, quando não há seriedade em seu olhar. Desista, ou então recomece. Não haverá trabalho algum em desfazer uma aliança sem força. A sociedade não irá perceber caso você ande na contra mão. Nunca mais quero ouvir seus gritos e seus gemidos, nem bater na sua face. Não mais me incomode com seu indigesto comodismo. Silencie-se ou aja!

Mapa

Acredite que eu sou o melhor daquilo que há em você. Deixe-se acreditar que nunca vamos dizer “não” e que em todas as manhãs somente eu irei te dizer “bom dia” com um sorriso afável nos lábios pecaminosos. Deixe a melodia correr contra o tempo e a água percorrer as pedras do nosso caminho. Ouça a canção que toca meu coração e me leva a você. Sinta minha presença no seu peito de amor e aceite meu olhar sobre o seu a dizer tudo aquilo que nunca te disse. Permita que eu entre em seu quarto e em sua vida. Não se desfaça de nenhuma idéia do passado, nem troque seus calçados. Leia, por favor, meus poemas diariamente, e descubra sempre que você está em mim. Faça tudo o que quiser fazer, mas não se esqueça de minha dor. E por fim, me deixe te amar, solitário e sossegado, da janela do meu quarto.

Corpo vago

Seu corpo modelo, é somente modelo da fraqueza gritante da sua alma e do seu vocabulário. Veja seu comportamento, veja suas palavras, veja sua educação, veja suas idéias e para que você não entre em crise profunda, por favor, fique vendo somente o seu corpo. Teatro do capitalismo. Encanação da mídia. Objeto de prazer de quem pagar mais num leilão comprado e posto à mesa. Isso é você e assim é seu corpo. Você, aliás, é apenas seu corpo. Já minhas idéias... Não vendo medidas, não compro moda e não olho pra sua pele desbotada. No meu recanto, rezo incessantemente, para que uma luz brilhe nos seus olhos, que sua mente se abra para um mundo real, que você saia da vitrine e que sua cabeça seja inserida no restante do seu corpo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Frágil cansaço

Não espero por um sorriso seu, nem penso no sabor doce do seu possível beijo. Tenho medo de perder, de afastar, de ausentar e de ficar louco. Tenho medo de que o pra sempre acabe e mais medo ainda de ter medo pra sempre. Sempre é forte demais para os momentos tão rápidos e fantasiosos. Agora varo a noite pensando nas músicas nostálgicas que vêm do rádio e sentindo as dores mansas percorrem cada músculo do meu corpo destilado. Condenso o brilho dos meus olhos aos momentos de sorrisos meninos, entre meninos moleques e mentes infantis. Amanheço e durmo pra que um novo dia comece repentinamente.

Divinos fatos

Quão feliz e agraciado estou com a vontade certeira Daquele que nunca falha, nem nunca diz claro o que quer de mim e de você. Nem o grande livro profetizava que a ciência embriagada seria tão eficaz e rápida. Decisões outrora misteriosas que revela-se suntuosamente e brandamente a meia luz do olhar grande de qualquer criança. Pensamentos, idéias, desvarios sanos e loucos de um pequeno alquimista que tentava descobrir o futuro e conformava-se em enigmatizar os nasceres do sol incandescente de tanto brilho e vida. Deixe-se levar e acreditar na certeza tão certa do Arquiteto da vida e da verdadeira obra perfeita que vai construindo sobre os casos dos acasos e sinta a presença Dele atingir seu peito e relembrar alto que a vida é feita da vontade Divina.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Posse

Quero um pouco mais que horizontes planos ou levemente ondulados, nunvens azuis e árvores simplesmente verdes. Chega de apenas canções vazias e ritmos alegres, chega de melancolia e de pastagens para os veteranos. Não quero ter apenas seus olhos, nem apenas uma moeda, nem apenas a saudade. Sentimentos, livros, palavras, toques e desvaneios, venham! Vou desligar a luz, o sol, o son, as ondas do mar e as do ar e quero ouvir somente o silêncio da gota d'água que bate contra a parede oposta a do meu quarto. Chega de verdades e de mentiras e de olhares e de poesias. Quero um pouco mais de tudo e quero você em tudo que eu tiver. Quero ser feliz e viver. Quero viver e se der certo, ser feliz!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como antes

Tão perto como a onda da areia e tão distante de mim. É como se meus olhos te tocassem, mas minhas mãos não pudessem te ver. Algo perdido no tempo e na razão que parece apenas ter razão quando se encontra refúgio nas palavras frágeis e seguras da poesia em melancolia ou saudade, dos livros que eu mesmo escrevo todas as vezes que te vejo. Parece que ainda me lembro quando os pássaros voaram daquela torre lá no alto e que as andorinhas avisaram que o verão chegava. Era noite e com o teu abraço eu ouvia uma canção que somente eu podia ouvir. Onde foi que as palavras erraram? Por qual caminho eu não percorri? Feliz das manhãs que serão suas e felizes os pássaros que cantarão apenas para você. E as maçãs que você comer, o ar que você converter e a poesia que você cantar, todas felizes. O tempo se refez em minha vida e repetiu na sua aquilo que fora ocorrido em outro tom e em outra melodia. A torre não está mais aqui e as aves não voam. Só vejo algo rolar do meu olhar e o teu olhar se desviar do meu. Não sei se você está na minha poesia ou se você está em mim. Só resta acreditar que algum elemento inóspito do futuro será diferente e que músicas não serão poesias e que dores não serão lamentos e que amores serão reais.
Não consigo falar de amor olhando pros teus olhos.
Não consigo falar olhando pros teus olhos.
Não consigo nem respirar olhando pros teus olhos.

Carta de amor

Quando você for, caso tenha coragem, olhe para trás e me diga adeus. E se for capaz não deixe essa lágrima do seu peito rolar sobre meu corpo. Depois que você for embora, não precisa mais me ligar, nem escrever nas paredes o meu nome. Não quero que me digam sobre você nem que pronunciem a primeira letra do seu nome. Aquela canção que tocava todas as noites ao som dos nossos beijos nunca mais vai soar, nem a batida ritmada do meu coração desonesto. Pelo seu caminho novos olhares hão de brilhar e você há de ser feliz em alguma esquina da grande avenida. Eu vou estar aqui recuperando da dor de não mais poder amar e não mais viver. E se um dia você se arrepender, grite, mais alto que minha dor e peça perdão pelos nossos pecados. E se for capaz, ame de novo.

Pseudo-juventude

Perdidos no tempo e no espaço da física. Uma geração inteira que chora quando o casal da novela se entrega a aquele beijo ensaiado e sem vida. Todos bebem coca cola e todos querem ser iguais ao garoto do carro preto. Uma geração perdida na imensidão do capitalismo amoroso e dos desvarios sombrios das mentiras amargas de cada comercial do horário nobre. Sem muita expectativa de vida e de crescimento para a maturidade e maternidade dessas meninas cor de rosa e desses meninos bonés para trás. Mentes para trás, pés para trás, vidas para trás, olhares sempre para trás. Mais uma geração entregue ao sabor doce das drogas e da vida fácil das salas de aula sem vida. Parece que nunca vai mudar, parece que já chegou ao fim. Memórias póstumas de uma geração corrupta e sufocada que grita e pede ajuda, mas que canta funk e se diz rebelde. Tudo o que eles querem é ser coloridos e nem conseguem enxergar que o verde da Amazônia é muito mais vivo que o rosa choque das capas de cadernos. Isso não é revolução, nem mudança, nem geração e é uma pena que seja nossa juventude.

Quebra- vento

Não era pra ser assim. Não era dessa forma que tudo estava escrito no grande livro. Nem o destino poderia imaginar que o rio fizesse esse percurso. Voltas e voltas da vida e do mundo. Malabares do tempo com vidas inocentes e decididas. Planos e projetos por terra. Não precisava ser tão diferente. Nem precisava ter mudado. E agora a vida descontrolada sai em disparada pelos trilhos falhos do trem das seis e nem ao menos se sabe quando poderá ter-se uma parada. Mudou-se o mapa, as datas e as chaves. Mudou-se tudo e só ficou a insegurança do novo.

Batismo

Nesse banho eu quero lavar o corpo e a alma. Junto à água fria da noite ensolarada quero sentir escorrer o peso amargo dessa dor que cobre essa pele cansada. Depois desse banho eu quero ser outro corpo e ver a vida de uma outra forma e poder sonhar sem temer, desacreditar e recomeçar, e ter certeza de que tudo não passou de um engano. Depois do banho eu vou passar a ser mais racional e escrever menos, vou ser mais duro e mais rápido. Depois do banho eu só quero ser feliz.

Destituído

Eu sou forte e não choro, não peço desculpa e não amo. Eu sou seco e duro, e não me deixo sentir qualquer sentimento. As vezes me acho uma pedra, as vezes me acho um rochedo. As vezes tenho medo de mim e as vezes nem quero ser eu. Sei guardar, sei mentir e sei falar exatamente o que você quer ouvir. Sou perigoso. Sou humano. Não acredito nos sorrisos e nos milagres, muito menos no amor. Não sorrio, não faço milagres e não me deixo amar. Derrubo para eu mesmo construir. Sou egoísta. Sou a marca viva de imensas cicatrizes e dores que escorreram e lapidaram até eu me tornar ferozmente, eu.

Mapa

Acredite que eu sou o melhor daquilo que há em você. Deixe-se acreditar que nunca vamos dizer “não” e que em todas as manhãs somente eu irei te dizer “bom dia” com um sorriso afável nos lábios pecaminosos. Deixe a melodia correr contra o tempo e a água percorrer as pedras do nosso caminho. Ouça a canção que toca meu coração e me leva à você. Sinta minha presença no seu peito de amor e aceite meu olhar sobre o seu a dizer tudo aquilo que nunca te disse. Permita que eu entre em seu quarto e em sua vida. Não se desfaça de nenhuma idéia do passado, nem troque seus calçados. Leia, por favor, meus poemas diariamente, e descubra sempre que você está em mim. Faça tudo o que quiser fazer, mas não se esqueça de minha dor. E por fim, me deixe te amar, solitário e sossegado, da janela do meu quarto.

Mistério das palavras

Tão estranho quanto a água doce que solve-se ao mar. Espírito metamórfico que evolui e regressa, mas que nunca deixa de estar em movimento pela nota musical que rege a canção. Calos de dor e intensa maldição perambulando pela angústia do clima ameno do fim dos fins de tardes. Nunca se soube se um dia se saberá o motivo de tantos sentimentos. Nem nunca se teve coragem de prever ou medir o tamanho das coisas que acontecem ao redor deles e ao redor do mundo. Por onde andam e o que fazem é o maior mistério de todos os tempos e por mais que algum desbravador de mares ouse criar uma história mirabolante e contrária, sempre haverá a dúvida da razão entrelaçada pela emoção de nunca ao certo se saber. O que dizem e o como agem é segredo mortal da seita inoculada no sangue de cada um. Nessa história toda somente uma coisa se repete e a noite desvairada vara mais uma madrugada ingênua a procura do príncipe de branco sobre o cavalo negro. Poemas da alma e tão tortuosos. Somente quem vive é capaz de entender.

Se foi

Por onde anda aquele velho e saudoso romantismo, e os sorrisos perdidos na falta de raciocínio dos amantes apaixonados? Quem mais vê a beleza imersa no vermelho encanto da rosa entregue as meninas inocentes das janelas em cada esquina? Poemas não mais têm autores, nem versos e nem rimas. Perdidos como o refrão sem canto e o doce sem receita. Aqueles olhares não trazem mais brilho e nem o hino soa com aquela beleza que somente então soava. As vezes acho que de tudo que passou só resta saudade ou quem sabe lembranças. As vezes acho que nada restou daqueles outros: tempos, nomes e amores. E as vezes, nem acho.

O pecado em mim

Quando eu vi aquele primeiro pedaço da maçã ser saboreado, pude sentir que o pecado pra sempre estaria comigo. Quando eu me deito, quando me levanto, quando seco minhas lágrimas e até mesmo quando peço perdão. Meus olhos não mais deixam de estarem vermelhos: de dor, das lágrimas e das noites sem sono debruçadas sobre meus ombros. Meus joelhos não mais esticam-se, permanecendo sempre sobre as dores propostas sobre o chão da penitência e do suor. Para a terra que vim, antes mesmo de voltar, entrego-me. Meu jejum é carnal e espiritual. Não mais como, não mais bebo, não mais canto e nem mais vejo a luz do sol, sobre as pequenas fendas da janela do quarto. Sinto a quaresma me invadir e purificar minha alma. Vã tentativa. Pecador infame, palavras infames, poemas vagos e vazios e não menos pecadores. E desde o primeiro pedaço da maçã, a cada nascer do sol um novo pedaço é ingerido e mais uma alma é perdida e mais um fim tem seu início. Pecadores de alma e pecadores de vidas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Sem você...

Ainda sinto seu perfume exalar sobre mim. Ainda tenho seus olhos nos meus e estes sobre sua boca. Ouço sua voz e sinto sua pele. Leio aquela velha carta de amor que você me enviou num momento de solidão e choro de saudade de suas palavras molhadas ao pé do meu ouvido. Você do meu lado e sempre junto de mim. Ouça nossa canção e deixe seu peito escorrer sobre o meu. Faça nosso tempo ou espere pelo nosso tempo, só não me deixe aqui sozinho, morrendo de amor.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Te descobri

Eu conheço teu corpo tão bem quanto o meu. E sei qual o gosto da sua saliva, a intensidade do brilho do teu olhar em cada situação e sei até o que você deseja quando me vê e se prende pra me dizer apenas “oi”. Eu conheço você e suas manias de ser sempre você, tão intensamente. Sei de todos seus projetos e fracassos. Sei muito bem qual é o seu ponto fraco e a palavra que você não gosta de ouvir. Conheço seus sonhos, suas senhas, suas dívidas, seus pecados e suas mentiras. Te conheço tão bem quanto a mim e é por isso que não fico perto de você e faço questão de sempre dizer “oi”. Acredito que te conheço até mais do que você mesmo.

Velho Ano Novo

Corações e olhares separados pela distância de um ano que foi novo e se tornou velho. Distância lamentável de vida e sentimentos que urgem no caminho e instiga dor. Canções iguais que tocam em volumes e tonalidades tão diferentes, mas a saudade é a mesma. Saudade dolorida de quem foi e até então não voltou, de quem foi e ainda não voltou, do tempo que passou e os sorrisos desperdiçados, das profecias elaboradas e das brincadeiras lapidadas a meia luz. Saudades dos amigos unidos sem mim e dos amigos solitários tão distantes de mim. Na vela acessa sobre a mesa da cozinha vejo brilhar fulminante a tão simples e singela chama da esperança de renovação em um ano novo qualquer que como todos os outros vem trazer o espírito de mudança e vitórias, mesmo que seja em apenas um dia. Ainda me recordo dos álbuns de fotografia e das vozes gravadas em cada figura. Ainda me recordo do Natal e do mecânico “Feliz”. Depois do ano novo, a saudade do ano velho e de todos os outros que estávamos todos reunidos. Só resta agora acreditar que tudo será diferente um dia e que o ano novo será sempre feliz...

Encontro Incompleto

Passagens e momentos, conversas e sentidos, sentimentos e luzes em meio as recordações saudosas de almas que se foram e que não tão cedo voltarão para conviver esse espírito santo de Natal. Lembranças e saudades remotas de pessoas tão importantes que nunca deixam de serem lembradas em momentos de felicidade e celebração. Lágrimas internas e amores perdidos, livros não lidos, pensamentos apenas em mente, corpos mutilados e gemidos de dor, de saudade e de medo. Nunca se pensou que o futuro fosse tão passado e que a distância fosse tão longe. Nem nunca se imaginou que a saudade fosse tão dolorida e que lágrimas fossem tão rápidas sobre a pele. Os diários choram, as almas recordam e os olhos também choram. É a vida que percorre o mundo no seu ritmo vertiginoso de despedidas e desencontros.

Segundas manhãs

Pássaros e canções percorrem o silêncio inércio da manhã perdida e cheia, de uma plena e vital segunda feira. O ar continua aqui, os móveis nunca saem do lugar, a janela que sempre permanece fechada e esses raios esperançosos de sol insistem em penetrar pelas lacunas e buracos estreitamente estreitos da janela, do teto e fechadura. O que faz esse edredom que nunca fica dobrado sobre a cama macia e sedosa? O que acontece com aquele tapete de uma cor extinta que lembra o branco e que nunca deixa a porta ficar livre, nem os pés absoletos, nem o chão transparente? Por onde andam os abajous lustrosos cobertos de cristal e ouro que deixavam pendurados bem ali ao fundo, quase que escondidos? A vida percorre a manhã e promete invadir com força a tarde e a noite e então se fará um sono tão profundo que encobrirá novamente a luz do sol e um dia revelará uma manhã fagueira em algum ponto desse universo paralelo. Enquanto isso, ainda posso ouvir o canto ensaiado dos pássaros e o silêncio inércio da manhã.