sábado, 27 de dezembro de 2008

Entrelinhas

Será que você sabe quanto custa o valor infinito de uma lágrima que desaba de meu olho desonesto? Será que você tem noção de quantos passos eu tive que dar debaixo daquele sol escaldante para ter o direito de somente então colocar minha língua virgem naquela água com gosto de fonte de vida? Será mesmo que você é capaz de ver diante do espelho o reflexo quase real do futuro faraônico que está parado atrás daquela montanha, só esperando a triunfante chegada de seu dono? Acho que você não é capaz nem de perceber quem mora atrás de sua própria pele sem gosto e, talvez, nunca entenda a constituição do solo que conseguiste tão facilmente lançar suas pegadas. Enquanto precisar de mim eu estarei aqui, pronto pra te ajudar. Mas do meu jeito e com a minha poesia. Pelo correr dos últimos parágrafos é tudo que eu posso, para ti, escrever.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Desabafo musical

Hoje eu acordei logo cedo com a luz do sol esbofetando meu rosto e meus olhos sangrando de tanto sono, e me joguei sem medo no desafio de mais um último dia. Mas não é sobre isso que venho falar. Quero a vocês, meus caros, narrar o fato de hoje eu não ter cantado nenhuma canção. Hoje eu abri a razão e os ouvidos e ouvi tudo aquilo que antes eu parecia não ouvir. Eu tentava cantar, mas eu não conseguia. Hoje eu me senti como se eu tivesse nascido para ouvir, como um dom que me cobre. Tudo bem... grande exagero eu coloquei nessas últimas palavras. Na verdade, eu cantei, sim. Mas cantei num volume tão baixo, que nem eu mesmo as vezes não conseguia ouvir. Cantei para que nem meus próprios lábios pudessem me ouvir. Cantei canções de letras não permitidas e de melodias que matariam qualquer um. Cantei sozinho no ônibus e durante a prova, mas foi no caminho do supermercado, enquanto eu imaginava a vida sem canções, que eu tive o prazer de passar ao lado de uma senhora de cabelos longos e ao vento, que cantava tão sem vergonha, num volume tão alto, de forma tão espotânea, que deixava nítida a expressão de liberdade. Um dia eu quero cantar tão alto quanto aquela mulher. Um dia, nas ruas, não mais vou andar, somente cantar. Por que quem canta, sabe sim o que é sentimento e entende a problemática das letras sem son da vida de cada cantor.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Luz!!!

Antigamente eu achava que o mundo era dos ousados, mas não. O mundo na verdade é dos iluminados. Luz é assim, quem tem, tem. Quem não tem, nada pode fazer. E não há prêmio sedutor acumulado na Mega, nem rostinho bonito no vai-vem da passarela que consiga fazer brilhar aquela pessoa apagada por vocação. A luz, não sei de onde vem, mas vem numa intensidade, que ninguém consegue abafar. Feliz daqueles que possuem luz própria. Feliz daqueles que tem por porto alguém com luz própria. Feliz daqueles que sabem usar sua luz própria. E o mundo segue assim, escancarando portas para os iluminados, procurando desesperadamente pessoas com essa característica e se entregando a irreverência e dom daqueles que, por vontade divina, só sabem brilhar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Setas...

E agora, o que fazer com meu olhar perdido diante de tamanha confusão de meus pés sem rumos estacionados nessa encruzilhada que me conduz a tantos caminhos? O que resta fazer com tanto medo e tanto anseio? De todos, não tenho o dom da certeza. Só, sozinho e solitário. Magro, mago e mágico. Em quais pedras colocar meus pés, ou será que terei a chance de pisar naquela pedra que eu mesmo desejar? E eu sinto que o tempo está chegando. E eu sinto que sinto medo. E tudo o que sempre sentí foi um sonho latente de estar lá e aqui, e em todos os lugares. E o tempo... sei que se aproxima!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Diferente

Um dia, em algum lugar dessa dimensão, alguém, por um motivo muito forte resolveu exercer essa obra de criação. Junto, traçou linhas num papel cremoso com um lápis de cor azul e definiu para sempre aquilo que mais tarde seria chamado de destino. Uma luz lançou desmedidamente sobre. Depois vieram o olhar, o olhar, o sorriso e a mão de um punho forte. Deu-lhe um sopro e fez-se o dom. O dom de algo tão especial quanto óbvio, algo capaz de ser observado a inúmeras linhas do final de uma poesia.
E fez-se... E farar-se... E ninguém fará igual...

Foi?

O que foi isso que por mim passou e fez os pêlos do meu braço delirarem e meus olhos tão obedientes se conterem? Não sei se tem mais aqui dentro, ou se corre mais perdido lá pelo lado de fora. Nem sei... E tanta coisa, que tanta gente não sabe. Inclusive você. Quantas cartas de amor feitas num momento de inspiração e que não levam nem o perfume da última lágrima seca. Tantas palavras, gestos e beijos jogados ao aleatório ar e destinados sempre ao mesmo ninguém. Sabia que ainda me lembro do seu último semi-olhar sobre o meu? Mas não se preocupe, de vez em quando pássaros do sul resolvem descançar e até as ondas dos oceanos resolvem se dissipar nas areias branquinhas das praias tão litorâneas. Nem tudo é o que exatamente se vê, nem tudo é como aquilo que parece parecer e nem todos são esse crital que me faço. E depois de me ouvir, se quiser, olhe sempre para os lados.