domingo, 15 de novembro de 2009

Recado

Peito arrebentado em milhões de pedaços. Face sangrando gotas vermelhas provocadas pela realidade. Lágrimas que se jogam ao chão. Papel. Caneta. Uma única vontade...
... queria dizer aqueles que nunca disse, que os amo. Quero lembrar que nossas canções sempre tocarão e sempre conduzirão meus pensamentos aos momentos que passamos juntos. Nossos sorrisos nunca serão esquecidos por meus lábios. Nem as noites que compartilhamos acordados serão um dia tidas como esquecidas.
... aos que eu já disse que amo, reforço. Desculpe se não lhes repeti isso várias vezes por dia. Me dói ainda mais saber que não terei tantas outras oportunidades, num tempo tão vasto como esse, para lhe cobrir os ouvidos com o que lhe trago no peito.
Por agora, sinto a presença de uma já íntima companheira, de perfume conhecido. A saudade que me habita, por tantos e por tanto tempo, preenche-me os espaços deixados pela distância. De tantas manhãs, tardes e noites, só restou uma noite, fantasiada de alegria, mas que leva em si a tristeza do adeus indefinido.
E o que parecia durar para vida toda, se faz mais uma vez saudade.

sábado, 7 de novembro de 2009

Folhas

Das árvores tão altas, desembocam em voos destruídores e alcaçam o chão, sem medo de opiniões alheias. Pra que ficar no alto, se no chão é que elas são felizes? E lá, ficam até o fim da vida.
Dos livros, menores ou eternos, brancas e de tantas cores, deixam-se serem tomadas pelas mãos de um qualquer autor, e marcam para sempre o futuro, o destino e a vida de todos.
De fronte a uma mesa marrom, de estatura média e com ar colonial, com um livro de infinitas páginas quase transparentes, eu fico louco a escrever. Cada página uma história, em todas elas o mesmo protagonista. Mas as páginas me cansam e eu as deixo para trás como troco de mochila a cada semestre. Eu sou assim, autor do meu livro. Condutor da minha história. Sou uma mão sempre estendida no cais a dizer adeus para alguém que se vai. Sou um sorriso sempre aberto, a desejar boas vindas aos perfumados pedidos de ingresso em minha vida. Histórias curtas, porém emocionantes. Vida longa e muitas páginas a preencher. Só não gosto do vazio. Só não quero a branquidão na vida. Só não sei como será o fim.

Daqui de dentro...

É manhã ensolarada num dia de sábado. São canções estranhas que vem da outra janela. Só eu sei por que eu chorei. Só eu sei quantas vezes achei que era para sempre. É falta de humor. É falta de tempo. É falta de planos. Era paixão, já foi amor e não passa mais de cartas que não são entregues. É dias inteiros sem voz, sem olhares, sem palavras. Eram dias inteiros com voz, com olhares e com palavras. Agora é texto enigmático, mas já foi cartas de amor. Foi uma vida, foi ausência, foi tristeza. É emoção, é personagem, é lágrimas no canto do coração. Agora é futuro. Agora é mistério. Agora é viver...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Talvez

Não!
Decididamente, recitando para os objetos e às quatro paredes, em tons e volumes diversos, numa certeza apocalíptica. Até meus olhos falavam que não. E era repetido repetidas vezes, repetidamente. Os poucos espaços onde a negação-mor explícita perdia lugar no discurso, era tão somente porque via-se substituída pelas sentenças solitárias "jamais" ou "nunca". Raras, porém, vivas vezes. Não!, a escorrer por tudo, a deslizar para sempre. Não!, para todas as noites. Não!

sábado, 24 de outubro de 2009

E agora Mané?

E agora Máné?
Ficou sem palavras, começou escrever, se perdeu no tempo e nem percebe ele passar.
E agora Mané?
Você que inventa e desinventa, você que sofre todo dia, você que saiu da inércia e nem consegue mais seguir.
E agora Mané?
É outro sorriso, é outro olhar, é outra manhã, é outro poema, é outra vez.
E agora Mané?
E agora você!
E agora eu!
E agora?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

  • E se eu disser desculpa, seque minhas lágrimas e segure minha cabeça antes que eu tombe sobre o chão. E se eu for sorrir, cerre os meus lábios e brinde o meu beijo com o acalento de seu ar.
  • Quando receber minhas cartas anônimas, não demonstre que sentiu meu cheiro, nem comente sobre minhas formas de rimar e me faça acreditar que você não conhece o remetente de tamanha inocência.
  • E quando eu soltar meus acessos de loucura, aumente o son do rádio, despetale sua paciência e ignore minha falta de poesia.

... se houver tempo para mim, só peço que me aceite e que entenda minhas rimas.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sentido único

Você é cheiro que fica em meu corpo, por além as horas de presença. Você é cheiro até o fim e desde o início. Você é cheiro que encontro no caminho, mesmo quando a distância tenta te separar de mim. Você é cheiro de tudo que sinto, é mistura do seu olhar no meu, é desejo que exala em harmonia. Seu beijo é cheiro de abismo e suas mãos é cheiro de prazer. Sinto ao toque do seu abraço um cheiro de conforto e me deixo dominar pelo meu insano olfato. Cheiro todo seu corpo e te levo para mim. Você também me cheira. E quando os cheiros vão se embora, resta aqui nesse espaço só o cheiro desgovernado daquilo que outras vezes chamei de saudade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Eu...

...cruzo pelos corredores e pelos curtos trilhos da minha rotina. Cruzo com olhares, me deparo em olhares e esbravejo entre cabeças a balançar e a dizer icógnitas malditas. Ando de um lado para outro, marcando passos num chão marcado por tantos outros passos. Mas os meus são diferentes. O tempo é outro, o olhar é outro, o futuro é outro, só o chão se repete. Escarneço sob a luz do sol, me sinto vibrar ao toque da modernidade, escapo timidamente das mãos a me apalparem. Sou real, sou realeza, sou pés a marchar por entre caminhos, por entre espinhos, por entre sonhos. E de tudo que vejo o que mais desejo, é seu olhar sobre o meu, cruzando minha vida e exalando em poesia esse son que só você é capaz de me fazer sentir.

Trovadorismo

Quantas vezes é preciso lançar a flecha para se conquistar algo? Por quantas horas terei que permanecer para que você permaneça em mim? Ou quantos erros devem ser corrigidos no correr dos encontros para se aprender que a vida vai mais além? Não espere que minhas respostas colocar-se-ão nessas linhas e que eu farei-me tão claro e abusado quanto em meus momentos de devaneios. Não me faço diante de mim, mas me contrario sobre minhas verdades e até minha maneira nada inovadora de reviver. O que digo, pois, em resumo ou em risadas, é que inspirado estou a novamente escrever. Por enquanto, por agora e para mim.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Coisas

Soluços da noite sem luar, que encanta amantes rápidos em descobertas sem nenhuma emoção. Apenas uma noite, qualquer, como qualquer outra. Entre batidas do ponteiro do relógio e gritos do msn aflito, entre uma nova poesia a ser emoldurada e uma nova amizade a ser traçada, entre o que já se viu e aquilo que sempre há para se ver. Não falta nada quando se tem a certeza de que o certo está sendo. Não falta ninguém quando se sabe que o que lhe aguarda não lhe faz bem. Não falta canção quando o silêncio fala mais do que uma voz. Não falta cheiro, quando não se precisa agradar. Não falta vida, quando eu tenho certeza que só eu preciso saber das minhas poesias. Não falta quase nada, quando se sabe que o dia vai chegar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

De joelhos

Obrigado meu Deus...
... pelo caminho que eu trilhei.
... pelas oportunidades que encontrei ou não encontrei.
... por todos os dons que recebi.
... pelos amigos que contrui e aqueles que descobri.
... pelas palavras concretizadas em papéis e telas.
... pelas curvas que faço.
... pela gravidade.
... por aquela mulher que encontrei na esquina.
... pela possibilidade de construir meu futuro.
... pelas dúvidas.
... e pela vida, exatamente como ela é.

Solto

A canção que toca, é leve, suave, tem sensação de brisa no rosto quando se desce de bicicleta a íngrime ladeira, tem cheiro de hotelã e cara de comercial de TV. A cor das letras desse texto é azul, bem claro, parecido com a mistura do azul do céu e do mar. A rima, simplesmente não rima. Não porque não se é capaz, mas por que não se deseja. É assim, e sem motivo. É próprio.
Eu estou renovado, com um sorriso maior e mais branco, com os olhos mais brilhantes e com a pele mais viva. Eu estou desnudo e muito a vontade, e nem me importo com o vento batendo em minhas poucas e transparentes roupas. Estou tão claro, tão limpo, tão aliviado. Estou tão feliz...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Era

Quanta inocência minha achar que aquela inocência seria para sempre. Me vi pendurado em cada um daqueles sorrisos, até mesmo os bem guardados e os não muito bonitos. Os olhares que me atingiam não podiam fazer idéia das lembranças que me acertavam. Lembranças de um tempo em que o amor era puro, e mesmo quando não correspondido, doía menos. Lembranças de um sonho antigo e latente, sem nenhuma lapidação e tão abstrato quanto as nuvens de meus desenhos coloridos. Pude ver em cada parede daquelas, as marcas de minhas mãos a deslizar cegamente rumo a um rumo qualquer. Senti um cheiro de passado, um cheiro de lembrança, um cheiro de saudade e me vi em cada um daqueles. Mas nunca mais o tempo vai voltar, nem eu serei novamente, nem a vida parará. Tantas coisas, nunca mais...

sábado, 8 de agosto de 2009

Sentimentos

Sou a decisão e a certeza, sou as palavras e os movimentos do meu próprio corpo. Mas juro a você, não sou eu. Enquanto meus pés tocam aquele chão, não é minha voz e nem é minha razão. Sou tantos, uma orgia, um grupo, um solitário na multidão. Por que sim, eu sou solidão por detrás do sorriso programado que vendem nas prateleiras. Aí, também fico à mercê dos olhares que pensam que sabem o que eu penso. Nem você sabe o que eu penso todas as vezes que lhe vejo, e quando te toco, até meus pensamentos fogem do meu controle. Volto atrás, redefino, reconquisto, brinco. Sua diferença é mais do que uma marca, é um convite ao amor. E você não me olha nos olhos...
Desculpe-me leitor, por usar de você essa tal paciência que tanto me falta. Mas eu queria desabafar, só isso. Eu queria desabafar... dentro de você.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Portal

Haverá um dia em que o nascer do sol será diferente. Haverá um dia em que estaremos todos do outro lado da linha. Aquela linha que separa esse tão conhecido mundo daquele outro inesplicável, inenarrável, nunca visto. A morte também é vida. É apenas uma parte da vida. É um renascer em luz, em mistério, em eternidade. Deveríamos todos ficar preparados para fazer a passagem a qualquer momento do dia ou da vida. Só nunca fazemos. Só nunca estamos. Sós, nunca continuaremos. Adeus... ao jovem, ao velho, à mãe. É o que dizem muitos, pelos cantos dos parques e pelos espaços das lágrimas. Há um lugar onde rei não é rei e qualquer Michael é simplesmente um mortal. Há tantas coisas a se entender, há tantas dúvidas para se driblar e há tantas vidas para se viver intensa e eternamente. Para quem se foi e para quem ainda se vai... muita poesia e luz!

domingo, 5 de julho de 2009

Reencontro

Está aqui em mim. E agora eu estou aqui, em mim.
Por vezes, não sei bem o motivo, eu deixo isso acontecer. Confesso que aprendo, muito, demais... a como não ser. Ainda penso, que são nesses desvios que me torno ainda mais maduro, e crente daquilo que sou e daquilo que não quero ser. Pelas outras vezes, não tenho mais espaços para futilidades. Meu corpo e minha idade, correspondem ao mundo real.
Creio que aquilo que eu sentia era saudade. Já não há mais por que...
Me sinto tão bem quando estou de volta. Só, comigo. De repente, de um estalo, de um passe de mágica, coisa que não acredito existir. E para esse caminho, não hei de voltar. E para essa vida, não hei mais de jogar meu tempo.
E assim meu vou. Aliás, assim eu fico. Muito a vontade comigo mesmo e com a certeza de que não te agrado, que não canto com sua voz e sou realmente o autor de minhas próprias poesias.
Pra quem fica... boa sorte!

Saiu... rsrsrs

Por várias vezes eu estive prestes a escrever sobre várias coisas, mas acabei desistindo. E não foi por falta de palavras, nem por falta de tempo, muito menos por falta de angustias. Me lembro que certa vez quis escrever sobre a vitrine, logo aqui, e os olhares curiosos e as vezes discretos a perambular descaradamente. Foi então, que hoje, depois de nada especial ter acontecido, eu resolvi soltar o verbo e substancializar tudo que adjetivei e conjuguei aqui dentro. Sem nexo ou contexto, não coloco endereço, mas tenho aqui comigo, cada traço e rabisco e motivos tão vivos por quem ou por qual jogo me. São tantas as coisas, que nem sei por onde começar. Talvez pela mesa do bar, vazia, de novo vazia e suja, sem uma conta a pagar. Bancos na noite e crianças em uma ciranda sangrenta sem medo do raiar do sol e da ação da gravidade sobre suas máscaras tão bem desenhadas. Corpos que dançam, mas não amam. Enganam-se. Há tanta gente enganada. Tanta alma falsa, fraca, farta. Metade do que eu te disse outro dia, era só conveniência. A outra metade, era mentira. E para aquele quadro da parede, guardo meu porão, já que outras pinturas ocupam aos poucos seu lugar. Mensagens em garrafas para o outro lado do mar e tesouros escondidos, aqui na ilha ao lado. Velhos mapas, novos conceitos, antigos amigos. Só o passado! Novos textos, outros dias, novas poesias e talvez, mais pra você e sobre você. Não perca! Não queira me inspirar. Mas vá sem embora, e deixe aqui, seu já esquecido lugar.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ausência

Há tantas noites, enluaradas ou não, eu não venho por aqui despejar minha poesia. Há tantas noites, enluaradas ou não, eu não depejo meu beijo sobre seus lábios vazios. Há tantas noites, enluaradas ou não, eu deixei de eternizar meus amores instantâneos pelas anônimas molecas a destilar charme para cima de meu desejo. Quando muito tempo fico sem tocar esse solo, deixo boa parte da minha vida sem relato, sem retrato, sem vivo fato. Talvez não seja de interesse alheio saber de minhas aventuras e desventuras ali mesmo na esquina, ou talvez seja de muito interesse saber de minhas ousadias e orgias, bem aqui, dentro de mim. Acho que já falei demais por essas palavras. Acho que falo demais por essas palavras. Acho que devo ficar outras tantas noites, enluaradas ou não, sem revelar meus oblíquos pensamentos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Artístico

Rasge meu peito e deixe-me derramar sem pena todo o sentimento aqui provocado pela idéia apática de um texto, escrito por objetivos não claros de um autor ou mero poeta em fantasias sinuosas. Derramo pela garganta a arte que só Deus me ensinou fazer. E declamo sem piedade as estrofes inebriadas que alguém outra vez tentou cantar. Me soltem aqui em cima e deixem que eu despeje meu olhar verdadeiramente verdadeiro sobre os olhos daqueles que param para me ouvir. E se tiverem que me colocar numa cruz, que seja na do meio, no ponto mais alto e mais iluminado. E que se for para representar, que seja somente com a alma. E que se for para amar, que seja sem ensaio. E que se for para viver, que seja no improviso.
Mas que seja sempre sucesso, lágrimas e riso!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Eu queria, aqui, falar de amor com um sentimento tão forte quanto o que ouço na canção.
Mas nessa hora eu fico do tamanho deste poema.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Impotência

Eu queria conseguir escrever um texto que tivesse um calor diferente, que possuísse as palavras corretas capazes de deixar seu corpo molhado de prazer solitário, seu rosto transpirando enquanto você gira a cabeça descontroladamente, morde os lábios, fecha os olhos e geme entre a respiração ofegante, até se perder no salto de sua orgástica poesia reprimida. Nesse texto também deveria ter um pouco de maldade escorrendo no início de cada parágrafo, que fosse capaz de deixar você chorando, como uma mãe impotente após um aborto sofrido, só por ter se lembrado daquele episódio lastimável que você sempre preferiu esquecer. E por fim, deveria ter muita ironia espalhada pelas entrelinhas, sob e sobre as linhas e até pelo título. Aquela ironia que alguém como você só vê se enxergar. Eu queria tanto conseguir lapidar esse texto...
... mas eu não consigo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Objeto

Experimente colares de todas as cores, tamanhos, preços e utilidades. Nunca saia de casa sem a bíblia, sem colírios e sem colares. Para cada tipo de pescoço existe um, com um tamanho e formato ideal. Assim como há uma parte do corpo para cada tipo de colar. Eu gosto de brincar com eles, de usar e desusar, de colocar no pé, no pescoço e no lixo do meu quarto. Gosto de tirá-los exatamente quando eu quero, de fazer de conta que me importo com eles, de usá-los para secar minhas lágrimas e de deixá-los acreditar que são infinitamente meus preferidos. Às vezes eu prefiro as pulseiras. Às vezes as tatuagens. E só de vez em quando, para minha pura diversão, eu prefiro os calores. Sabia que anéis são colares pequenos? Mas estes já não cabem mais em meus dedos vividos. Não deixe que a vida passe sem que você use, ao menos, um. Melhor do que a inocência dos colares, só mesmo o prazer de minhas poesias.

domingo, 8 de março de 2009

Condições

Se você for me beijar, primeiro, olhe nos meus olhos e deixe claro que deseja muito tudo isso, depois feche os seus para os meus poderem acreditar na sinceridade do seu coração e só então, coloque sua boca na minha e seu corpo no meu. Se os seus braços forem me envolver, que seja bem devagar e bem forte, que ele seja quente e humano, e que me obrigue a segurar qualquer eventualidade que resolva escorrer pelo canto do meu olho. E se for para me fazer carinho, que seja com a minha cabeça em seu colo, com a minha confiança em seus braços e o meu desejo todo em você. Aceite minhas condições, concorde com as músicas que eu ouço e me surpreenda com o despertar do amor.

sábado, 7 de março de 2009

Bons e melhores

Eu quero ser um ser de coração bom e chorar sem vergonha todas as vezes que me deparar com outro ser de coração bom. Mas eu também quero chorar lágrimas duvidosas quando me deparar com seres incertos, de más atitudes certas. Acho que eu devaria doar um pouco mais de paciência aos seres inseguros e imaturos, que atravessam a vida sem exercitar a racionalidade e sem ter a coragem de serem donos de uma opinião própria e de uma personalidade personalizada. Eu quero deixar de ser cínico nos momentos que finjo me importar com sua dor, com suas lágrimas e com seus beijos. Preciso parar de julgar os outros pela vital forma de pentear os dois primeiros fios de cabelo do lado direito da cabeça ou do formato que possui a unha do dedo médio. Eu quero melhorar minhas palavras, minha escrita, minha forma de abrir os olhos quando acordo e, por último, minha forma de dizer que não. No fundo, o que realmente quero é apenas ser melhor do que todos aqueles que por aqui passaram e não deixaram nenhuma boa história.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Definido

Certas certezas só tenho quando você está por perto. Certos medos também.
Não consigo esquecer seu olhar no meu. Nem minha vontade na sua.
Me perco em seu encanto. Me encanto em sua perdição.
Sinto o gosto de sua boca. Sinto uma infinidade por você.
Suas segundas palavras seguraram minhas primeiras lágrimas. Só você não viu.
A distância não apaga, não une, não destrói. Mas ela adia.
Só você pode me manter na espera. Só você pode o quiser.
Existe um momento certo para as pessoas certas. Você existe para mim.
Não pode ser em vão algo tão de verdade. Tenha certeza que não será.
Sem você eu sofro, eu choro, eu grito. Tudo do meu jeito.
Quando puder, permitir, entender... eu vou te amar.

Simples

Com o queixo confortavelmente depositado sobre o mármore da janela, e os olhos limitados pela tela verde protetora, eu pude ver aquela cena com os olhos do coração. Minha casa tem o cheiro inigualável e único da minha casa. O barulho causado pelos pingos fortes da chuva inesperada também só se faz por este telhado. Logo ali, depois da barreira, a maior figura representativa do amor. Logo aqui, a sensação mais significativa de paz. Quantas outras inúmeras vezes essa cena se repetiu diante de mim. Muitas delas despercebidas e outras tantas nem mencionadas. Nenhum outro amor me tirará esse espírito, nem me fará esquecer do conforto da simplicidade. Por que o melhor da vida vem do simples e o maior dos amores não se conquista.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Primaveras e Visões

Peço aos gritos, à algum leitor perdido por essas linhas, que caso possa, me ajude a entender o que aconteceu com os meus olhos. As quatro estações não pareciam tão nítidas para mim, até infinitos 2 segundos atrás. Me surpreendi também, quando após aquele piscar renovador, começei enxergar os sertões um pouco mais secos, com um punhado a mais de animais suavemente se decompondo ao lado daquelas gretas grotescas do chão desanimador.
O que mais meus olhos enganados e enganantes não conseguiam ver? Quantas outras poucas ou tantas estações ainda restam para eu atravessar? Depois disso, tenho aqui abaixo do peito, aquela sensação fria, de medo inocente e assasino, que não é comum em meninos inocentes e assassinos como eu. Será agora tudo novo ou será apenas que eu nunca havia me enxergado? Primaveras e verões, eu e você.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Primeira

Tantas vezes eu quiz escrever o poema certo e cantar a cancão que mais fazia sucesso. Outras tantas vezes eu saí de casa pensando no possível milagre de logo, do outro lado, encontrar o amor de todas as minhas vidas. Foram várias noites que eu rezei por motivos que nem me lembro mais, que olhei pela janela apática e não vi nenhum horizonte, que me deitei na cama e imaginei vocês por todo meu corpo. Inúmeros olhares coloquei sobre o relógio à espera de algo totalmente novo. Infinitos passos dei nas mais variadas velocidades, apenas querendo vencer aquela curva excitante da esquina e nem mesmo me lembrei da beleza tão simples das longas retas. Foram muitas criativas vezes que fiz as mais criativas e óbvias coisas, mas essa é a primeira vez, que sozinho nesse quarto, com as teclas aos meus dedos, não tenho inspiração nenhuma para escrever aqueles antigos poemas tão meus.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Por um fio

Quem vê esse rasgo de firmeza, de certezas e de solidificação, não pode imaginar a dúvida constante que nos faz balbuciar. Quando parece estar tudo nos conformes, exatamente como rege as regras da vida, nossos passos parecem dar uma leve e proposital desequilibrada, e então sinto que estamos por um fio. Nas situações em que nossos olhares, tão próximos, resolvem se examinar com cuidado, ficamos a revesar a atitude, quase que necessária, de hesitar. Depois de minutos incríveis parados no tempo deixando-nos corroer pela cruel dúvida de atirar ou não, entregamo-nos na tão fácil e antiga atitude de desviar: a arma, as palavras e o olhar. Já sua mão honesta que me tocou, não parecia ser morada de receio nenhum. E assim, pela trilha, seguimos a caminhar. Talvez com eternas dúvidas, talvez com eternas certezas carregadas no olhar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Saudade

Nunca havia sentido seu rosto tão de perto. Nem você nunca tinha tocado o meu com sua tão incrédula mão. Mas sempre há tempo para novas sensações e novas intensidades. Desejo cegamente que o tempo afaste seus braços de mim e que eu nunca mais seja forçado a sentir a força do seu repugnante beijo. Espero piamente que você perca meu endereço, que esqueça a minha imagem e nem seja capaz de reconhecer meu cheiro. A cada manhã deixo uma carta de despedida com seu nome sobre a mesa da nossa cozinha. E mesmo assim você não se vai. Já não me destruo por sua conta, nem me desespero com sua presença, no entanto, não te amo e tudo o que mais quero é ver sua partida e deixar escapar por entre meus lábios escancarados um liberto adeus.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A 3

Simples noite, que eu nunca vi tão simples. Céu estrelado e ofuscado pelas poucas luzes da cidade distante do grande. Paralelos pouco paralelos, mas resistentes a evolução e ao modernismo. Silêncio quebrado apenas pelos espirros espalmados e escandalosos do homem da madrugada. Escandalosos também eram nossos sorrisos pelo meio exato da rua, sobre as calçadas e as margens da praça. Aliás, por aqui, não é preciso muito esforço para fazer de algo um escândalo. Mas foi tão calmo, tão espontâneo, tão casual. O tempo, que consegue bravamente polir os paralelos do início desde, consegue fazer com que nós, mesmos isolados geo-sentimentalmente, permaneçamos muito parecidos com o que éramos antes e que mesmo quando o objetivo é lançar na roda as mudanças tecidas, o jeito de desenrolar a narrativa não consegue ser tão distinta. Que bom que é assim. Que bom que eu sei que é pra vida toda. Que bom que o tempo nos permite.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Correspondência

Vento leve, que toca minhas palavras, apelidado pelo último poeta, de brisa, e que desfaz os limites propostos pelo litoral, leve até meu amor essas minhas palavras de paixão, um pedacinho dessa minha saudade e uma medida certa do meu perfume.
Águas límpidas transparentes, que escorrem pelas beiradas dessa natureza construindo seu percurso próprio e finito ao mar, escoe até meu amor um pouquinho de minha poesia e minhas palavras embriagadas de tanto sentimento.
Folhas desvirginadas desse meu caderno com linhas azuis anis, guardai sinceramente as palavras que a vós confio, sem desvio ou descrença, sem maldade ou exagero, e entregue um dia, aos olhos recém-chegados do meu amor, sem deixar de se esquivar das lágrimas que possam lhe atingir.
Tempo, fazei com que lhe haja, para que todo meu esforço não se perca em si.

sábado, 3 de janeiro de 2009

No Ponto

Se o tempo é novo, eu continuo o velho. Meus sonhos ainda são os mesmos, meu dom não mudou, minha voz ainda canta feliz sem parar, minha pele continua branca e meus cabelos negros encaracolados. Há quem diz que eu continuo bonito, mas eu acho que eu continuo exótico. Ainda escrevo poesias que tocam seu coração, tomo banho no chuveiro e vejo a sujeira da minha alma escorrer pelo ralo, sorrio pra todo mundo que merece esse brinde e ainda amo meus amigos. Continuo desejando mais de você: mais beijo, mais voz, mais gemido, mais líquido, mais carinho, mais presença, mais amor. Ascendo e apago. Entro e fecho. Crio e destruo. Realmente, aqui nada é novo, mas tudo é do jeito de deve ser.

Neo

Eu fechei os olhos, senti uns abraços fortes, ouvi o barulho de uma tampa indo pro ar e quando me dei conta, era ano novo. Pra eles, não pra mim. Para mim cada dia é dia novo, sem marcações, sem delimitações, sem datas certas. Eu sou assim: sem marcações, sem delimitações, sem datas certas pra ser feliz. Meus sonhos não podem esperar uma virada de ano pra começarem realizar. Nem tenho paciência pra esperar um ano inteiro e somente então desejar aos meus amigos a tão velha falsa saúde e aquela mecânica paz. Pra mim é tudo novo, em todos os dias e em cada começo. E eu sempre recomeço: sem medo, sem desespero, sem desprezo. A vida tem que ser um eterno ano novo, com fogos, sonhos, declarações, lágrimas, encontros e felicitações. Pobre daquele que vive o passado de um tempo passado, ou a tentativa frustada de um presente similar àquele que já se foi. Se pela primeira vez ou de novo, o que realmente importa é ser novo!